A manhã nasceu clara em Santa Aurélia, mas dentro do solar Ferraz o clima era de inquietação. Gabriel acordou cedo, incapaz de ignorar o instinto que o alertava havia dias.
Desde a chegada de Étienne Leclerc, algo em seu comportamento o incomodava. A polidez exagerada, o sorriso contido, os olhares calculados — era como se cada gesto dele fosse ensaiado.
E Gabriel conhecia demais os homens que sorriam com calma enquanto tramavam silenciosamente.
Já trabalhara com eles. Já quase morrera por causa de um deles.
Quando Isabel saiu para a Casa Aurora, ele desceu até o escritório, trancou a porta e ligou o computador.
Abriu uma conexão segura, a mesma que usara em Valdívia para investigar o Círculo Tríplice.
Digitou: Étienne Leclerc, Institut Européen des Arts, Lyon.
Os resultados foram poucos — um artigo acadêmico, algumas menções em jornais franceses e um currículo perfeito. Perfeito demais.
Todas as referências foram criadas no mesmo ano, com datas sobrepostas.
Um dossiê fabricado.
Gabri