O sol voltara a brilhar sobre Santa Aurélia, e o solar Ferraz, com suas janelas grandes e jardins renovados, parecia finalmente respirar em paz. As flores voltavam a florescer, o vinhedo ganhava vida, e o riso — aquele som que parecia impossível meses antes — começava a preencher os corredores novamente.
Mas a paz, Isabel aprendera, era um véu frágil. Bastava um toque para se rasgar.
Naquela manhã, uma carta chegou à escola de música que ela e Amélia administravam. O envelope, de papel creme e selo estrangeiro, trazia o nome Instituto Europeu de Artes de Lyon.
— É um convite para uma parceria — explicou Amélia, empolgada. — Um professor francês quer fazer intercâmbio conosco, ajudar nos programas e ministrar aulas de técnica vocal e composição.
Isabel folheou o documento, surpresa com o selo autêntico e o texto formal.
— Isso é… inesperado.
— Ele chega amanhã. — completou Amélia. — Diz que ficou encantado com o trabalho da Casa Aurora.
Isabel assentiu, sem desconfiar de nada.
Na manhã