O sol de Santa Aurélia surgia radiante, filtrando-se pelas cortinas do quarto de Isabel. Pela primeira vez em muitos meses, ela acordou com a sensação de leveza. As sombras do passado ainda existiam, mas o presente parecia mais forte, e o motivo tinha nome: Gabriel.
Descendo as escadas, Isabel encontrou-o no jardim, já sem o terno habitual, vestindo roupas simples, mangas arregaçadas, supervisionando o trabalho dos jardineiros. A cena a fez sorrir. Ele parecia diferente ali, menos o herdeiro imponente e mais um homem comum, parte viva da rotina da casa.
— Está trabalhando cedo hoje — disse ela, aproximando-se.
Gabriel ergueu o rosto, e o sorriso discreto surgiu, como sempre fazia quando a via.
— Não é trabalho. É memória. Meu avô costumava me ensinar que a casa só se mantém forte quando cuidamos de cada detalhe. Resolvi seguir o conselho dele.
Isabel se abaixou perto de uma roseira e tocou nas pétalas.
— Nunca pensei em você assim… cuidando de flores.
— Talvez porque só me veja no mei