A madrugada em Santa Aurélia era de uma escuridão espessa, pesada. O vento soprava do mar, trazendo o cheiro de chuva e despedida. Isabel fechou a mala pequena com mãos trêmulas. Não levou muito — apenas o necessário.
O celular ainda mostrava a mensagem:
“A verdade está em Genebra. Venha sozinha.”
Ela não sabia se era armadilha, ou a chance de acabar com tudo de uma vez.
O medo não a impedia mais. Depois de tudo o que vivera — traições, fugas, segredos — a incerteza era quase um velho conhecido.
Antes de sair, passou pelo quarto e olhou pela última vez para o retrato dela e Gabriel na estante. O sorriso dele, tão real, tão sereno, parecia observar o que ela estava prestes a fazer.
— Eu preciso entender, Gabriel — murmurou. — Só assim poderei te perdoar.
E partiu.
O avião pousou em Genebra sob uma chuva fria. Isabel desceu a escada de metal com o coração acelerado.
Um motorista a esperava com um cartaz onde se lia “Madame Ferraz”.
— Quem enviou você? — perguntou, desconfiada.
— Um amig