Adrian
A noite estava silenciosa, mas eu não conseguia encontrar paz. A cada vez que fechava os olhos, via Elara. Seu olhar assustado, sua respiração acelerada, seus lábios entreabertos como se lutassem entre o medo e algo que se aproximava perigosamente do desejo. Eu ainda sentia em meus dedos a maciez dos fios ruivos que deslizei entre eles, ainda podia inalar o perfume dela, doce e inebriante, que queimava meus sentidos como uma chama impossível de apagar.
Mas junto desse fascínio, a lembrança amarga de sua voz pedindo que eu me afastasse também me perseguia. Ela tinha medo. Não de mim exatamente, mas do que poderia acontecer se fosse descoberta. Seu pai a chamando, cada vez mais alto, cada vez mais impaciente… aquilo ecoava em minha mente como um presságio.
Eu sabia que estava arriscando tudo. O pacto, minha linhagem, a confiança do meu pai. E ainda assim… não conseguia me afastar dela.
— Está perdido em pensamentos de novo, irmão? — a voz de Cael quebrou o silêncio da noite.
Leva