Mundo de ficçãoIniciar sessãoEm um mundo onde humanos e metamorfos dividem o mesmo espaço, Gabriela luta para sobreviver após a perda de sua família. Mesmo sabendo que o mundo pode ser cruel, principalmente com humanos que mal podem se proteger, ela decide seguir em frente, e aceita uma proposta quase irrecusável: ser a babá de um pequeno shifter lobo. Mesmo sabendo dos perigos, ela se vê tentada a aceitar, já que não lhe restam muitas escolhas. O que Gabriela não sabe, é que este pequeno garoto é filho de um Alpha, conhecido por sua crueldade e poder. Ethan vive nas sombras desde que a sua Luna o deixou devido a um parto complicado e prematuro, e descarrega sua raiva nos negócios sujos da família Black Wolf. Herdeiro e milionário, Ethan se vê em um impasse quando seu pequeno filho, o qual ele nem consegue olhar direito, começa a adoecer misteriosamente. Dois mundos vão se colidir, e quando isso acontecer, não restará nada inteiro, nem mesmo os corações daqueles que procuram o par destinado.
Ler maisGabriela
As vezes fico refletindo sobre a vida, sobre os inúmeros traumas que sofri, e sobre os medos que tenho.
Nada disso vai me ajudar a crescer, nada disso vai me colocar onde eu queria estar, mas ainda sim meu cérebro e meu coração continuam tentando me ferrar enquanto estou acordada e até mesmo enquanto eu durmo.
Eu sonho com aquele dia como se tivesse acontecido ontem. Ainda consigo sentir o cheiro de sangue seco grudado em meus braços, e às vezes, aquela mordida arde como se estivesse em chamas.
É sempre o mesmo sonho, sempre a mesma sensação, sempre a mesma dor.
Lembro-me como se fosse ontem, quando eu e meus pais estávamos na estrada e já passava da meia noite.
Nunca viajamos pela noite, meu pai não enxergava bem e minha mãe era uma péssima copiloto, então sempre optamos por nos locomover de dia. Porém, naquele dia, saímos mais tarde do que devíamos da casa dos meus avós, e foi aí que tudo aconteceu.
Meu pai estava dirigindo, minha mãe no banco passageiro, e eu no banco de trás. Todos com cinto de segurança, rindo e conversando, até que alguma coisa atravessou na nossa frente. Meu pai freou bruscamente, enquanto minha mãe gritava seu nome alertando-o de que deveria parar o carro. Ele tentou, mas batemos em algo tão rígido e forte que o impacto fez nosso carro capotar inúmeras vezes.
Lembro-me de acordar com o rosto sangrando, com uma ardência gigantesca na perna. Mas misteriosamente, eu estava fora do carro, deitada de bruços enquanto meu corpo inteiro doía, e o carro em que meus pais estavam, a alguns metros de distância, estava em chamas.
Tentei me mexer diversas vezes, mas meu corpo inteiro estava paralisado, completamente letárgico, enquanto meus olhos observavam meus pais queimando dentro daquela caixa de metal. Meu coração acelerava a cada instante mais, e cheguei a pensar que havia morrido, e que minha alma estava presa a meu corpo momentaneamente, somente para que meus olhos vissem aquilo, mas não. Estava completamente enganada. Tudo que já está ruim pode piorar.
Ouvi um barulho estranho, como se um animal estivesse se aproximando de mim. O barulho que ele fazia enquanto respirava me deixava ainda mais dormente, e quando senti que ele se aproximava do meu corpo imóvel, ainda de bruços, senti um ardor ainda maior no meu braço.
Eu não podia vê-lo naquela posição, mas quando ele se enfiou na minha frente, eu pude observar bem debaixo o tamanho do monstro, ou melhor, o tamanho do lobo.
Meu corpo inteiro ardeu ainda mais, enquanto um grito contido estrangulava-me de dentro para fora.
Eu sabia que existiam shifters, sabia que eles estavam entre nós, isso não era novidade para ninguém. Inclusive, haviam muitos metamorfos famosos, mas jamais vi um pessoalmente.
Mas aquele lobo, aquela criatura tapando a minha visão, tinha um pelo tão preto a ponto de se misturar com parte da escuridão, e a única coisa que iluminava-o naquela noite era o brilho do fogo que consumia cada minuto mais o que restou do carro e dos meus pais. Meus olhos começaram a ficar pesado, e a única coisa que vi antes de apagar completamente, eram os olhos cor âmbar do lobo que me fitava profundamente.
(...)
O dia amanheceu nublado, como sempre, mas isso não me impediria de sair e tentar lutar pela minha própria sobrevivência, afinal, se eu não fizer isso, não conseguirei viver.
Depois do acidente me vi completamente sozinha, lançada à minha própria sorte, e para piorar, eu nunca fui sortuda.
Eu era nova, então fui morar com meus avós maternos, mas logo eles faleceram, e acabei em um abrigo, cheio de crianças menores que eu. Me criei passando de casa em casa, porque nenhuma família realmente desejava uma problemática como eu, então, na última casa eu já tinha quase a maioridade, e foi aí onde essa peleja acabou.
Fui lançada à sorte, consegui um emprego e voltei a morar na casa que pertenceu aos meus pais.
As coisas iam bem até que os pesadelos retornaram, e com isso eu não conseguia dormir, por mais que tentasse, meus olhos não fechavam com medo de ver novamente o carro em chamas, e aqueles olhos cor âmbar que me perseguem até hoje.
Às vezes tenho a sensação de que estou sendo observada, talvez seja uma mania de perseguição, talvez.
_ Droga, que dor de cabeça… _ resmunguei para mim mesma após entregar mais um currículo.
Passei o dia inteiro correndo atrás de emprego, e depois de entregar a última folha de papel, me dei por vencida.
Voltei para casa completamente cansada, mas no meio do caminho resolvi comprar um jornal.
Lembro que meu pai procurava emprego através dos enunciados do jornal. Sei que isso é pré histórico, mas não custa tentar.
Assim que cheguei em casa me joguei no sofá, respirei fundo e comecei a ler algumas das poucas propostas de emprego, e a maioria, eu não me encaixava de jeito nenhum, pois pediam formação e ainda por cima experiência.
Até que uma me fez sentar no sofá.
_ Vaga para babá … isso é interessante. _ Querendo ou não, eu tenho experiência com crianças, muita experiência!
Peguei meu celular e anotei o número, e logo em seguida chamei a pessoa no aplicativo de mensagens.
_ Vamos ver no que isso vai dar. _ Murmurei.
GabrielaPor incrível que pareça, passei a viagem de volta inteira dormindo tranquilamente, e senti como se um peso gigantesco tivesse saído das minhas costas, e até acredito que isso realmente aconteceu, já que agora terei como pagar minhas contas, sendo essa uma preocupação terrível. No fim das contas, cheguei em casa sem sono algum, e me dediquei a colocar tudo de cabeça para baixo, e colocar na mala somente o necessário. Valéria disse que terei um quarto para mim na ala de hóspedes, e que não vou precisar dividir com ninguém. Pelo o que entendi o quarto é padrão da região, então tem um banheiro grande e é espaçoso. Não estou em busca de conforto, e sim de um trabalho, mas se a vida me oferecer a chance de dormir em um quarto com uma cama um pouco mais confortável que a minha, eu aceitarei de bom grado.É engraçado ver como a minha vida gira rápido. Até ontem a angústia estava me devorando, e hoje estou cantarolando feliz, limpando a casa, lavando roupas e fazendo uma mala enorm
EthanOs dias longe de casa estavam me matando. Ficar longe da minha matilha, em um país completamente diferente do meu é como uma tortura, como se a deusa quisesse me castigar por meus pecados. Respirei fundo, ouvindo os homens humanos falando de dinheiro, de negócios, e de mais dinheiro. Não consigo entender essa fascinação por coisas inanimadas. Entendo que é necessário para ter uma existência digna, mas eles são tão soberbos, tão pequenos, que sinto vontade de esmagá-los todas as vezes que preciso trocar palavras com esses seres desprezíveis. Eu sei que é retrógrado, mas eu odeio humanos. Os poucos que simpatizo são os que trabalham para mim, são os companheiros ou companheiras destinadas dos membros da minha matilha, que vivem na minha propriedade, e apenas. O restante dos humanos, para mim, são insignificantes e idiotas, que só pensam em dinheiro, só pensam em luxúria. Bom, a parte da luxúria não posso negar que faz parte da nossa raça muito mais do que a deles, principalme
GabrielaEu não sabia se tremia, se gaguejava, se saia correndo ou se mantinha um sorriso falso no rosto. A presença da mulher começou a ficar cada vez mais forte na sala, e me senti terrivelmente pequena perto dela. _ Sinto que está nervosa, mas posso te garantir que não há motivos para isso. _ Disse ela sorrindo. _ Desculpe, onde eu moro não há tantos shifters, acho que estou desacostumada, e honestamente, apreensiva. _ Fui sincera, pois estava estampado na minha cara o pavor que estava sentindo. _ Tudo bem, entendo perfeitamente. Muitas vezes a minha espécie é difícil de lidar, e mesmo sem querer acabamos intimidando os humanos. _ Disse ela coçando a cabeça.Aos poucos a mulher parecia menos perigosa, e mais perdida do que eu imaginava. _ Então o contratante é um alfa? _ Perguntei sentindo meus pelos arrepiarem. _ Sim, o senhor Black Wolf é o herdeiro da família, e após a morte da sua luna ele acabou optando por não ter babás, disse que criaria o pequeno sozinho, pelo menos at
Capítulo 2GabrielaConforme os dias iam passando as coisas ficavam pior. Cheguei a pensar que havia algo de muito errado com meu currículo, porque essa seria a única explicação para o meu desemprego. Liguei para inúmeros números telefônicos, mandei mensagem, pedi indicação, entreguei currículo pessoalmente, e nada. Meu dinheiro estava no fim, e cheguei a cogitar vender o único bem que me restava: a casa.Foi aí que algo inédito aconteceu, uma ligação estranhamente esperançosa. O gosto de vitória começou a tomar conta da minha boca, pelo menos até eu lembrar que teria que ir até o local em que trabalharia.Tive que ser honesta com a mulher que me ligou, e expliquei que não tenho condições financeiras de ir a qualquer lugar, já que gastei todo meu dinheiro em entrevistas frustradas. A mulher no telefone, prontamente me pediu o número da minha conta bancária, e fez um depósito generoso para a minha passagem. Confesso que a cidade é bem distante, é uma área mais florestal e acredito que
GabrielaAs vezes fico refletindo sobre a vida, sobre os inúmeros traumas que sofri, e sobre os medos que tenho. Nada disso vai me ajudar a crescer, nada disso vai me colocar onde eu queria estar, mas ainda sim meu cérebro e meu coração continuam tentando me ferrar enquanto estou acordada e até mesmo enquanto eu durmo. Eu sonho com aquele dia como se tivesse acontecido ontem. Ainda consigo sentir o cheiro de sangue seco grudado em meus braços, e às vezes, aquela mordida arde como se estivesse em chamas. É sempre o mesmo sonho, sempre a mesma sensação, sempre a mesma dor. Lembro-me como se fosse ontem, quando eu e meus pais estávamos na estrada e já passava da meia noite. Nunca viajamos pela noite, meu pai não enxergava bem e minha mãe era uma péssima copiloto, então sempre optamos por nos locomover de dia. Porém, naquele dia, saímos mais tarde do que devíamos da casa dos meus avós, e foi aí que tudo aconteceu. Meu pai estava dirigindo, minha mãe no banco passageiro, e eu no banc
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