Escravizada por sua própria alcatéia desde a infância, ela cresceu sob o peso da maldição que levou seus pais à morte. Humilhada, ferida e esquecida, ela jamais conheceu o significado de liberdade até o dia em que sua alcateia é dizimada. Em meio à destruição, um ser imponente e sedento de poder decide poupá-la. Cyrus Valack, o temido Rei dos Vampiros, não a vê como uma simples sobrevivente, mas como sua consorte. Levando-a para seu reino sombrio no coração de Nova Orleans, ele lhe dá um nome, Ravena, … e uma sentença. Dizem que seu destino ao lado do rei será pior do que a escravidão, que seu sangue de loba nunca encontrará paz nessas terras de sombras. Mas então, por que os sonhos com Cyrus são tão intensos? Por que seu toque desperta algo dentro dela que sempre esteve adormecido? Entre segredos manipulados pelas trevas, verdades ocultas e uma paixão avassaladora, Ravena precisa descobrir se o Rei dos vampiros será seu salvador ou seu pior pesadelo. E, acima de tudo, se será forte o bastante para cumprir o legado que a própria deusa lhe concedeu. No embate entre o poder e a emoção, amor e ódio, destino e livre-arbítrio… Ravena poderá escolher seu próprio caminho, ou será apenas um peão no jogo das trevas?
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Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e esperei uma resposta. Me mandaram entrar. Não levantei os olhos, mas sabia que a sala estava cheia. Todos os alfas convidados de Alexander estavam ali. Meu coração gelou quando vi os sapatos de Marcel se aproximando. Hoje eu não ia escapar. Eles me destruiriam. - Vejam só quem está aqui. – ele segurou meu queixo com força, me fazendo levantar o rosto para olhar na cara dele. – Minha coisinha safada, que gosta de brincar. - Marcel você devia começar logo, estou louco para ver. – um daqueles alfas disse. - Para que a pressa? – alfa Alexander perguntou com um tom irônico. – Temos o dia todo para se divertir com ela. - Você não disse que ela era amaldiçoada? – um outro falou. - Se eu soubesse que ela era um brinquedinho desses, eu mesmo tinha me enterrado nela a muito tempo. - Cuidado com o que fala, Spinell. – Alexander riu alto. – Meu beta não aceita dividir suas coisas. Parece que ela é a companheira dele, e só por isso meu caro amigo Marcel continua vivo. Nesse momento, senti aquele homem ficar as minhas costas, eu estava morrendo de medo mas não emitia som algum. Marcel enfiou as mãos por baixo dos meus braços, agarrando meus seios. Seus dedos nojentos abriram minha roupa expondo os mamilos para todos. - Olhe só para isso. – um deles disse. – Eu não me importo de morrer se estiver cavalgando essa coisinha. A sala explodiu em gargalhadas. - Traga ela logo, Marcel. – Alexander mandou. – Nossos convidados estão ficando impacientes. - Vamos nos divertir, minha coisinha. – ele murmurou mordendo minha orelha com força. Senti o sangue jorrar pelo meu pescoço, enquanto era arrastada até a mesa de bilhar. - Ela é muda, Marcel? – o tal Spinell perguntou. - Claro que não, ela é só caladinha. – respondeu ele, me jogando sobre a mesa, e arrancando meu vestido surrado e sujo. - Então faça ela gemer! - Isso mesmo, não estou aguentando mais. Quero ouvir ela gritando. Marcel jogou minhas roupas para longe. Eu estava nua, exposta para aqueles homens que só desejavam me ver sofrendo nas mãos do meu companheiro. Fechei os olhos, implorando para qualquer coisa, que acabasse aquilo logo. Mas não acabou. Fui mantida em cima daquela mesa por horas enquanto Marcel me penetrava de todas as formas possíveis, me machucando, me batendo e cuspindo em cima de mim. Alfa Alexander participou de perto, inserindo coisas em mim, me batendo e ejaculando na minha cara. Os outros alfas seguiram seu exemplo, esperaram Marcel me posicionar amarrada na mesa, e logo cada um deles estava descarregando suas sujeiras sobre mim. Minha mente ficou em branco. Olhei para as luzes do teto como um objeto inanimado. O cheiro horrível, a dor indizível, não me incomodavam mais. Ouvi risadas à minha volta, eles estavam me gravando com seus celulares.“Aqueles que sobreviveram às trevas sabem o verdadeiro valor da luz.”O vento que soprava pelas colinas de Northshore trazia o perfume da renovação. Flores silvestres brotavam entre as pedras que antes carregavam sangue seco e pedaços de carne queimada. O mesmo chão que engoliu nossos mortos agora sustentava nossos votos de paz. Era um contraste sagrado e cruel, mas profundamente justo.Ao meu lado, Cyrus mantinha o olhar fixo adiante, mas seu corpo repousava sutilmente contra o meu, como se nosso elo sustentasse a estrutura do mundo por um fio invisível. Seus dedos entrelaçados aos meus, o polegar percorrendo distraidamente a runa em minha mão.À nossa frente, o círculo de pedras ancestrais havia sido restaurado com ajuda dos magos que retornaram ao continente para viver no norte, agora que mais uma vez, o sangue Valack governava as Rocky Mountains. Esse lugar se tornou um símbolo. O lugar era um marco do poder dos ancestrais desde os tempos da Primeira Lua, um ponto onde os cinco g
RavenaNão consegui estar lá embaixo, na entrada da clareira, onde a alcateia começava, para me despedir dela. Observar Prya se despedindo dos lycans que ela liderou em minha ausência, era doloroso demais, e eu não sabia como eu iria prosseguir sem ela. Cyrus estava abraçando os meus ombros, seu toque trazia o conforto do nosso amor. Ele segurava Zayden, e eu segurava Blake em meus braços. As crianças olhavam a floresta com interesse, era a primeira vez que saímos do castelo depois da noite aterrorizante em que quase perdemos nosso filho.Prya estava cumprimentando as doze guerreiras da guarda da rainha, agora eram elas quem cuidavam da alcateia no lugar da minha Beta.Aceitar a decisão de Prya em partir, seria muito difícil, mas eu não podia privá-la de algo tão precioso na qual foi mantido a vida toda longe do alcance dela. A escolha.Ela decidiu aceitar o vínculo com Marcel, e partir com ele para viveram no norte. Pretendiam se aliar a uma alcateia muito renomada que se manteve fi
- Prya, se você não rejeitá-lo vai sentir uma dor insuportável quando ele morrer! Pense no quanto sofreria, pense no seu filhote. – Ravena dizia. - Você...você se lembra de mim? – ela perguntou num fio de voz, ignorando o que sua alfa disse. - Eu senti o seu cheiro...sonhei com você, e com o Kael... - Kael? – ela perguntou. - É como venho chamando ele... Foi pelo cheiro que eu o reconheci quando fui levado para o esconderijo da Celeste. – respondi solenemente. - Você enterrou os outros... – ela disse, me surpreendendo. – Meus filhotes... Aqueles que Alexander matou. A revelação me pegou de surpresa. Era ela?! Aquela fêmea que eu sabia que estava sendo usada como escrava de Alexander. Eu tentei me lembrar de seu rosto, dos seus olhos, mas não havia nada. Tudo que eu fui quando estava sob o domínio da corrupção era uma névoa escura e torpe, me deixando ver somente pedaços das minhas memórias. - Eu queria que me visse... só uma vez... – ela disse. - Ele não pode. Quas
MarcelO cheiro dos vampiros era bem mais forte aqui nos portões de Northshore. Foi difícil chegar até aqui sem ajuda, o terreno era acidentado e mesmo usando toda a sua experiência em sentir as coisas com os outros sentidos, caminhar pela estrada de Kenner até Northshore, era um desafio.Kael dormia tranquilo no canguru improvisado que eu fiz para ele. Antes de sair da cidade, troquei sua fralda e o alimentei bem, para garantir que sua viagem fosse confortável. Para chegar até aqui foram muitas paradas de ônibus e algumas vezes tentaram levar o meu filhote de mim, acreditando que por ser cego, eu era completamente indefeso. Mas não sabiam que a deusa me deu outra chance, que eu sempre teria forças para lutar por Kael.Nada me impediria de levá-lo até a mãe dele.Durante essa jornada com Kael, aprendi muito sobre a dádiva que a deusa me deu. Eu já sabia que quando chegasse a Northshore seria morto ou me tornaria escravo de novo, entretanto, eu caminhava feliz para o meu destino. Só d
Cyrus A mesa do conselho da corte estava silenciosa e muitos já estavam reunindo seus documentos e partindo. François permaneceu à minha esquerda, e Nathaniel a direita.Havia muita tensão, insatisfação e raiva no ar. Entretanto, ninguém contestaria os novos protocolos de segurança, e eu não abriria mão de nada que instituído nos dois últimos dias no castelo. Northshore tinha que ser seguro e inviolável.Uma guerra aconteceu, centenas de vampiros poderosos viraram pó, ou foram consumidos pelas trevas. Logo em seguida, quando achávamos que a vitória e a paz haviam retornado, baixamos a guarda e o resultado foi catastrófico.Eu falhei com Ravena e com Blake e Zayden. - Não foi sua culpa. A aranha infernal não tem cheiro, Kalzahar esperou o momento oportuno para usar a baronesa como incubadora para aquela coisa. – Nathaniel disse, assinando os novos tratados a frente dele.- Nathy tem razão, Cyrus. – François finalmente se manifestou. Ele estava mais comedido e estranhamente sério, de
RavenaSenti o mundo ruir dentro de mim no instante exato em que o coração de Zayden, o meu amado filho, parou. Uma onda de vazio tão gelada percorreu minhas veias que cheguei a engolir meu próprio grito. O vínculo, aquele fio luminoso que nos unia desde antes de seu primeiro suspiro, evaporou-se como orvalho ao sol nascente. Já não o sentia pulsar, vibrar, me chamar para afagá-lo. Não havia mais calor, nem consolo; apenas um silêncio opressor que envolvia minha alma dilacerada.Cyrus aterrissou ao meu lado, e sem uma palavra peguei nosso filhote nos braços. Minhas mãos trêmulas abriram e cerraram o corpo diminuto em meu colo, tentando recapturar a batida perdida. Cada segundo era uma eternidade de agonia. Os dedos afundando na pele fria, sem vida, dos meu filhote. E ali, sob o corpo frágil de Zayden, sob o olhar doloroso do meu companheiro, e dos outros a nossa volta, aprendi o real significado de desespero. Foi como se meu próprio coração tivesse sido arrancado de mim, e Laha, priv
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