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Capítulo 3 - Aprovada

Gabriela

Eu não sabia se tremia, se gaguejava, se saia correndo ou se mantinha um sorriso falso no rosto. A presença da mulher começou a ficar cada vez mais forte na sala, e me senti terrivelmente pequena perto dela. 

_ Sinto que está nervosa, mas posso te garantir que não há motivos para isso. _ Disse ela sorrindo. 

_ Desculpe, onde eu moro não há tantos shifters, acho que estou desacostumada, e honestamente, apreensiva. _ Fui sincera, pois estava estampado na minha cara o pavor que estava sentindo. 

_ Tudo bem, entendo perfeitamente. Muitas vezes a minha espécie é difícil de lidar, e mesmo sem querer acabamos intimidando os humanos. _ Disse ela coçando a cabeça.

Aos poucos a mulher parecia menos perigosa, e mais perdida do que eu imaginava. 

_ Então o contratante é um alfa? _ Perguntei sentindo meus pelos arrepiarem. 

_ Sim, o senhor Black Wolf é o herdeiro da família, e após a morte da sua luna ele acabou optando por não ter babás, disse que criaria o pequeno sozinho, pelo menos até agora. 

_ E o que o motivou então? Pergunto isso pois dificilmente os alfas mudam de ideia. _ Sempre escuto falar que eles são teimosos e extremamente territoriais, e para completar o pacote de problemas, quando eles colocam uma coisa na cabeça, nem Cristo tira, e nem a deusa da lua deles. 

_ Não sabemos, ele apenas decidiu. Porém, é difícil achar bons profissionais hoje em dia, mas só de ver você já simpatizei! _ Disse ela abrindo um sorriso. 

Fiquei um pouco sem jeito, pois jamais imaginei que a conversa, que seria uma entrevista, acabaria tomando outro rumo. 

Valéria me contou que durante muitos anos a família Black Wolf foi temida devido ao seu temperamento, e que se eu aceitasse ficar aqui, deveria me acostumar a ouvir muitas fofocas, mas que nenhuma delas condizia com a verdade, pois as coisas haviam mudado muito de vinte anos pra cá. 

O meu contratante é um lobo alfa, e seu filho ainda não possui cheiro definido, mas provavelmente será um alfa também. 

Raramente nasce um omega no ventre de uma luna, ainda mais com um sangue tão forte como os Black Wolf. 

Valéria comentou sobre os demais funcionários da casa, e me avisou que aqui há muitos shifters. Há lobos e ursos, mas também bastante humanos. 

_ Bem, o salário é realmente muito bom, e você comentou sobre um alojamento, certo? _ Perguntei me sentindo cada minuto mais animada. 

O nervosismo ficou de lado, e no fim das contas eu e Valéria começamos a conversar sobre várias outras coisas também. 

_ Se quiser, pode começar hoje mesmo! _ Disse ela animada. 

_ Bom, seria uma honra, mas preciso pegar mais alguns pertences na minha casa para passar a semana. E também, gostaria de conhecer o pequeno. 

_ Ah, é claro! _ Valéria levantou animada. 

Começamos a caminhar pelos corredores, e a mulher não calava a boca um segundo sequer, arrancando algumas risadas sinceras de mim. 

Subimos uma escadaria que me deu uma leve dor nas pernas, mas a mulher tirou de letra.

Um fato sobre metamorfos é que eles são resistentes, tem uma cura extremamente acelerada e um físico que nenhum humano conseguiria alcançar, sem contar do padrão de altura. Alguns podem chegar aos dois metros tranquilamente, mas geralmente são os machos e em sua maioria, ursos. 

Paramos em frente a uma porta grande, com adornos em ouro e um pequeno lobo entalhado, e obviamente, ele é preto. 

Valéria abriu devagar, e assim que coloquei meus olhos na criança dentro da brinquedoteca, ou quarto, fiquei surpreendida. 

O menino aparenta ter uns dois ou três anos, mas sinto que ele tem menos idade do que aparenta. 

_ Este é o Victor, ou como nós o chamamos, Vic. _ Disse Valéria. 

Me aproximei e sentei ao lado da criança no tapete, que estava entretida com um brinquedo. 

Fiquei observando seus cabelinhos preto, e suas mãos ágeis. 

_ E quantos anos Victor tem? _ Perguntei a Valéria.

No momento em que ele ouviu minha voz, desviou o olhar para mim, e eu fiz o mesmo. Nossos olhares ficaram cruzados por muitos minutos, e conforme Valéria ia falando, menos eu escutava.

Foi como se meu corpo e minha mente entrassem em um transe, algo que não consegui conter. O pequeno Vic levantou e abriu os braços pra mim. Na mesma hora o puxei para perto, e conforme meus braços o apertavam contra o meu peito, mais calmo o meu coração ficava. Ele esfregou o narizinho no meu pescoço, provavelmente sentindo o meu cheiro, e depois deu um longo bocejo. 

Victor deitou no meu colo, pegou a chupeta e conforme seus olhinhos ficavam mais pesados, o nosso olhar deixava de se conectar. Então, Vic dormiu.

_ Ele é tão fofo! _ Murmurei enquanto balançava o bebê gigante em meus braços. _ Quantos anos ele tem mesmo? 

Olhei para Valéria, mas não encontrei o olhar da mulher simpática, e sim um olhar apreensivo. Ela coçou novamente a cabeça, e notei que seus olhos estavam em um tom completamente laranja escuro. 

_ Ele tem um… um ano. Completou na semana passada. _ Disse ela mordendo o lábio. 

_ O que foi? Parece preocupada.._ Quando me dei conta meu comentário e pergunta já haviam saído, e a mulher deu um longo suspiro.

Valéria apontou para um berço gigante. Levantei e coloquei o pequeno Vic ali, que continuou dormindo tranquilamente. 

Assim que saímos do quarto senti falta do calorzinho do garoto, e não consigo entender como me apeguei tão rápido, sendo que não fiquei no quarto nem quinze minutos. 

_ Estou chocada, Gabriela! _ Valéria segurou meus ombros, com seus olhos gigantes arregalados. 

Pelo menos agora eles estão menos laranja. 

_ Po-Por que ? 

_ Vic não gosta de ninguém, morde todas as pessoas que se aproximam, até mesmo o Alfa. Ele é um filhote bem difícil!

_ Nossa, e você me avisa isso agora? _ Valéria soltou meus ombros para começar a rir. _ É sério, ele poderia ter mordido meu pescoço, ou até pior! _ Reclamei. 

Valéria começou a andar, ainda em sua crise de riso, e eu apenas a segui. 

_ Se fosse para morder, ele teria feito isso nos primeiros passos seus no quarto.

_ Por isso me deixou ir na frente? _ Perguntei indignada. 

_ Óbvio, todo filhote tem presas pontudas! Mas enfim, parabéns! _ Ela parou no meio do corredor e estendeu a mão pra mim. _ Você está oficialmente contratada! 

_ Oh… _ Apertei a mão de Valéria, que estava muito empolgada, muito mais do que eu.

_ Bom, então você volta hoje para sua casa, pega o necessário e eu vou preparar seu quarto. Vou avisar o senhor Black que o pequeno Vic aprovou você! 

Valéria me deu as costas. Segui a mulher até a porta. Ela realmente parecia empolgada. 

Assim que entrei no carro o velho Cris me olhou dos pés a cabeça, e sorriu.

_ Está inteira, menina! _ Disse ele sorrindo. 

_ Sim, acho que o pequeno não quis um pedaço meu! _ Falei rindo, nervosa, mas rindo. 

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