a filha mimada do mafioso
a filha mimada do mafioso
Por: Mya_araujo
o guarda-costa

Amanhã é meu aniversário. Vinte e um anos. A maior festa que Nova York já viu vai acontecer na boate exclusiva do meu pai, no subsolo do Empire Club — um lugar onde só entra quem tem nome, dinheiro ou medo suficiente para não perguntar de onde vem o champanhe.

Estou sentada à mesa de jantar na nossa mansão em Upper East Side. Lustres de cristal pendem do teto, refletindo a luz dourada nas taças de vinho e nos talheres de prata. Meu pai, Antônio Mendes, está à minha frente, com aquele sorriso orgulhoso que só ele sabe dar.

— Papai, tem certeza de que está tudo pronto? — pergunto, mexendo distraidamente na salada à minha frente.

Ele me olha com carinho. Sempre me tratou como uma princesa — talvez porque eu seja a única filha dele, talvez porque sou a única coisa que ele considera intocável nesse mundo sujo que construiu.

— Sim, minha princesa. Mas tenho uma surpresa pra você.

— O quê, pai?

Antes que ele possa responder, Douglas, um dos seguranças, entra na sala com passos firmes.

— Senhor, o rapaz chegou.

Meu pai se levanta com um brilho nos olhos.

— Isso, manda ele entrar.

A porta se abre e, por um segundo, o mundo desacelera. Um homem entra. Alto, moreno, com olhos cinzentos que parecem enxergar além da pele. Ele veste um terno preto impecável e carrega uma aura de mistério. Mordo os lábios involuntariamente. Quando seus olhos encontram os meus, sinto meu rosto corar.

— Seja bem-vindo, Henry — diz meu pai.

— Obrigado, senhor — ele responde com voz firme e sotaque italiano.

Meu pai se vira para mim.

— Filha, este é Henry Antonelli. Seu novo guarda-costas. Veio direto de Milão.

— Não está me dizendo que vou ter que andar com uma babá? — retruco, cruzando os braços.

— Ele não é uma babá. É segurança.

— Papai, já falei que não quero segurança.

— Princesa, eu preciso que você ande com um segurança.

— Mas, papai...

— Sem mas, Érica.

Douglas reaparece na porta.

— Senhor, o carro já está pronto.

— Já estou indo. Princesa, até mais tarde.

— Tudo bem, papai.

Ele se vira para Henry.

— Seja bem-vindo novamente, Henry. Espero que minha filha não te dê muito trabalho.

— Pai! — protesto, envergonhada.

Henry sorri discretamente. Meu pai ri e se despede.

— Desculpa, filhinha. O que vai fazer hoje?

— Vou ficar na piscina. Letícia vem pra cá mais tarde.

— Ótimo. Tenho uma reunião com o pai dela. Trago ela comigo quando terminar.

Ele sai com Douglas, sem olhar para trás. Henry permanece em pé, como uma estátua.

— Não está com fome? Pode sentar — digo, tentando quebrar o gelo.

Ele me olha com calma.

— Me chamo Érica.

Ele continua em silêncio. Reviro os olhos.

— Quer ficar calado, fique.

Termino de comer e subo para o quarto. Ligo para Letícia, que atende rápido.

— Já está perto?

— Sim, amiga.

— Estou na piscina.

— Beleza, tô chegando.

Desligo, coloco um biquíni preto com detalhes dourados e desço. Henry me observa, mas desvia o olhar quando percebe que notei. Caminho até a área da piscina, cercada por palmeiras e mármore branco. Ele me segue, claro.

— Vai me seguir pra todo lado?

— Sou pago pra isso — responde, olhando para o horizonte.

— Senta ao menos, pra não cansar as pernas.

— Obrigado, mas estou bem aqui.

— Então fica como quiser.

Pulo na água, espirrando um pouco nele.

— Ops, desculpa.

— Tudo bem, sem problema.

Meu celular vibra na espreguiçadeira. Peço:

— Pode pegar pra mim?

Ele me entrega sem dizer nada. O nome de João aparece na tela. Sorrio.

João: Oi, bonequinha.

Eu: Oi, chefinho. Já tá com saudade?

João: Sempre. Vai me ver hoje?

Eu: Meu pai vai perceber se eu sair de novo.

João: Ele tá aqui. Quer que eu peça pra ele?

Eu: Nem brinca. Ele é capaz de te matar.

João: A proteção dele com você dá até medo.

Eu: Vai amanhã, né?

João: Claro. Não vou esquecer meu amor.

Eu: João, vou dar um jeito de te ver hoje à noite.

João: Te espero.

Eu: Mas agora tô com segurança.

João: Seu pai falou.

Eu: Até mais tarde, meu amor.

João: Até, bonequinha.

Desligo e volto a relaxar na piscina. Henry continua em pé, como se fosse parte da arquitetura.

— Você é sempre assim? — pergunto.

Ele me olha, confuso.

— Assim como?

— Sem graça.

Ele ri discretamente.

— Quando estou trabalhando, sim.

— Então você tem um lado divertido?

Ele me encara por um segundo.

— Aí você vai ter que sair comigo pra descobrir.

— Tá me convidando para sair? Eu perguntei provocando.

Henry me olha com aquele ar enigmático e diz:

— Não foi só um comentário.

— Chato — resmungo, afundando na água da piscina e emergindo logo em seguida, com o cabelo grudado no rosto e o coração batendo mais rápido do que deveria.

Letícia entra na área da piscina, usando um vestido leve e óculos escuros. Seus olhos vão direto para Henry.

— Segurança novo?

— Oi, Lê. Sim — respondo, saindo da água e sentindo o olhar dele percorrer meu corpo dos pés à cabeça. Finjo que não percebo, mas meu rosto entrega.

— Estava vendo umas coisas pro seu aniversário — diz Letícia, se sentando na espreguiçadeira.

— O quê?

— Pensei em colocar uma banda ao vivo.

— Não, meu pai não vai querer gastar mais. Ele já está surtando com o número de convidados.

— É verdade. E o João?

— Não vou pedir dinheiro para ele.

— Achei que vocês estavam firmes.

— E estamos. Mas não.

— Você teria coragem de casar com ele?

— Letícia, eu só vou fazer 21 anos. Ele tem 30.

— Ele ainda é novo.

— Meu pai nunca aceitaria isso. Vamos mudar de assunto.

— Tudo bem.

Me viro para Henry.

— Henry?

— Sim, senhorita?

— Curte festas?

— Sim.

— Então está convidado pro meu aniversário amanhã.

— Obrigado, mas não posso aceitar.

— Vai sim — digo, sorrindo.

Ele levanta a sobrancelha, provocativo.

— Como meu segurança, então.

— Ok.

Ele desvia o olhar novamente.

— Já percebi que isso vai me dar trabalho.

Rimos juntos. Letícia me cutuca.

— Ele até que é bonitinho. Não que me empresta ele, não?

— Todo seu.

Henry lança um olhar de relance, claramente ouvindo tudo.

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