A noite estava longe de terminar.
Glauco, concentrado, começou a preparar a omelete. Volta e meia passava por Amália, e ela o provocava com olhares e sorrisos. Até que, num impulso, ele a ergueu e a sentou no balcão.
— Fique quietinha aí... já já venho cuidar de você. Disse ele, misterioso.
Amália sorriu, sem saber ao certo o que ele queria dizer.
Ela o observava enquanto ele cortava e salteava os legumes. Com o braço firme, bateu os ovos com o fuê, misturando tudo com naturalidade. Depois, colocou os ingredientes numa forma refratária e salpicou queijo por cima. Com elegância, levou ao forno e acionou o timer.
Se virou para ela. — E agora? Perguntou ela, travessa.
Glauco abriu o armário e pegou uma taça e uma garrafa de vinho branco, o mesmo do último risoto que ela preparara. Serviu e tomou um gole. Se aproximou dela, oferecendo a taça. Amália aceitou e também bebeu.
Os olhos azuis dela o hipnotizavam. Glauco os comparava mentalmente ao mar Tirreno, profundos, claros e misteriosos.