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Romance
Última actualización: 2025-08-28
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Resumen
Índice

Primavera de 1704. A ansiedade pelo pedido de casamento de Jonas,meu noivo, roubou-me o sono. O ar cheirava a jasmim e a promessas, e meu coração batia em um ritmo de pura expectativa. Tudo estava perfeito até o momento em que pus os pés na varanda e o mundo desabou. Não era a mim que ele olhava com devoção. "Alessia, por favor, case-se comigo." As palavras, que deveriam ser minhas, cortaram-me como uma lâmina. Eu vi os olhos de minha prima, Alessia, encherem-se de lágrimas de felicidade enquanto ela se lançava nos braços dele. Um enjoo violento atingiu-me, e eu me afundei no chão, escondida pela penumbra, forçada a testemunhar o meu próprio pesadelo. "Estamos apaixonados", ouvi Jonas declarar, enquanto seus dedos entrelaçavam-se aos dela. "Sophia e Philip não podem impedir nossa felicidade." Philip. O nome ecoou em minha mente como um sino fúnebre.Meu primeiro amor. Meu amigo leal. O homem que, ao confidenciar seu interesse por Alessia, fez com que eu enterrasse meus próprios sentimentos por ele, pensando estar fazendo o correto. Agora, enquanto ele cavalgava inocente nos campos de treino, sua amada troçava de sua honra com o noivo de sua própria prima. Uma fúria fria, mais forte que qualquer dor, nasceu dentro de mim. Sempre cedi tudo a Alessia – meus brinquedos, meus doces, meu lugar ao sol. Mas não isto. Não o coração do homem que ela jurou amar. Desta vez, ela não sairá impune. Desta vez, a doce e complacente Sophia desaparece. E nasce uma mulher disposta a lutar, não por um amor perdido, mas pela justiça que Philip merece.

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Capítulo 1

01_uma descoberta inusitada

O canto dos pardais foi a primeira coisa que invadiu minha consciência. Um alegre trinado que anunciava o amanhecer daquela manhã de primavera. Raios de sol dourado filtravam-se pelas frestas das pesadas cortinas de veludo, iluminando motes de poeira que dançavam no ar como fadas minúsculas. Era um dia que, em qualquer romance que eu lesse, prometia desdobramentos extraordinários.

— Senhorita Sophia? — uma voz suave, familiar, quebrou o silêncio do meu quarto. Era Aby,minha serva pessoal. Ela entrou com a discrição de quem conhecia bem meu amor pela solidão. Vestia seu uniforme de sempre: um vestido negro, austero, contrastando com o branco imaculado do avental e das rendas delicadas na gola e nos punhos.

— O senhor Jonas aguarda a senhora na sala de visitas.

Jonas. Meu noivo. O termo ecoou vazio dentro de mim. Nosso compromisso fora um arranjo do meu pai, uma cortina de fumaça para esconder o fato de eu, a primogênita, estar prestes a tornar-se uma solteirona aos vinte e dois anos, enquanto minha prima, Alessia, brilhava no noivado reluzente com Philip. Minha relação com Jonas era polida, distante, como um lago superficial congelado pelo primeiro sopro do inverno.

Terminei de me arrumar com gestos mecânicos. O espelho refletiu a imagem de sempre: uma pele de tom pálido e quente, que alguns chamavam de âmbar; cabelos castanho-escuros, com reflexos da terra após a chuva; e olhos profundos, grandes e escuros como a noite sem lua. Uma moldura adequada para uma vida que parecia ser sempre vivida nos bastidores.

Enquanto caminhava pelos corredores silenciosos da mansão, tentei moldar a ideia do casamento com Jonas. Talvez não fôssemos um casal de livros, loucos de paixão. Talvez pudéssemos construir algo diferente, uma parceria tranquila, um porto seguro mútuo. A possibilidade não era excitante, mas era... segura.

Ao entrar na sala de visitas, ele estava sentado, elegante em seu terno de linha cinza, a xícara de chá equilibrada entre os dedos. Seus olhos amendoados encontraram os meus, e um sorriso tranquilo — quase profissional — surgiu em seu rosto de feições suaves e cabelos cor de caramelo. Notavelmente, seu terno combinava com as nuances do meu vestido de seda cor de amêndoa. Uma coincidência irônica.

— É um prazer revê-la, Sophia. —O sentimento é recíproco. O dia está magnífico, não acha?

A troca de trivialidades era nosso ritual. Mas hoje, o ar entre nós estava carregado de uma tensão invisível. Lembrei-me do que Aby dissera. A aliança. O pedido oficial. Meu olhar vagueou por suas mãos, procurando por um pequeno relevo em seu bolso, qualquer sinal.

— Senhor visconde, sobre o nosso futuro casamento... — comecei, deliberadamente vaga.

A reação foi instantânea. Ele tossiu, engasgando-se com o chá, e um fio do líquido quente manchou o impecável tecido cinza. O constrangimento pintou seu rosto.

— A senhorita parece... apressada. Não precisamos ser tão precipitados.

Está evitando. As empregadas podiam fofocar, mas não sem um fundo de verdade. Uma calma fria desceu sobre mim. Ele não queria fazer o pedido. Ele queria desfazer o noivado.

— Então, o senhor visconde planeja romper o nosso acordo, não é? — perguntei, minha voz surpreendentemente estável.

Ele fitou a xícara como se ela contivesse todas as respostas, tomando outro gole num gesto claramente nervoso.

— Como... como a senhorita sabe?

Não sabia. Apenas sentia. Era óbvio. Se havia uma aliança e eu não a tinha visto, ela não era para mim. Uma pontada de irritação, não pelo coração partido, mas pelo constrangimento, pela humilhação de ser posta de lado, surgiu. Mas brigar? Fazer uma cena? Isso só tornaria a farsa mais patética.

— Acho que o senhor visconde já ouviu falar do sexto sentido peculiar de uma mulher — disse, oferecendo-lhe um sorriso pequeno e sereno.

O alívio que inundou seus traços foi quase palpável. Ele se tornou novamente aquele homem de aparência gentil, lembrando um golden retriever — leal, mas não a mim.

— Obrigado, senhorita Sophia. Prometo retribuir sua generosidade, por findar nosso noivado de forma tão abrupta e... inadequada.

Com novas e elaboradas desculpas, ele partiu. Fiquei sozinha na sala de visitas, o silêncio preenchido pelo tilintar distante de talheres e o cheio adocicado dos doces intocados.

A tranquilidade que se seguiu não era tristeza. Era algo mais complexo: um misto de alívio e resignação. A confirmação do rompimento não partiu meu coração—ele mal havia sido envolvido. Em vez de angústia, senti um vazio peculiar, como o silêncio que permanece após uma orquestra terminar sua sinfonia.

Caminhei pelos corredores da mansão onde cresci, meus passos silenciosos ecoando sobre mármores polidos. A opulência ao meu redor—os retratos a óleo de ancestiais de rostos severos, os vasos chineses, as tapeçarias bordadas—sempre me fizera sentir uma estranha em minha própria casa. Após anos sendo relegada ao papel de coadjuvante na narrativa familiar, aprendi a buscar refúgio na invisibilidade. Talvez, admiti para mim mesma, eu apreciasse minha própria companhia mais do que a etiqueta permitia.

A biblioteca surgiu como um santuário natural. O aroma familiar de papel envelhecido e couro foi um bálsamo. Meus dedos percorreram as lombadas familiares até pausar em uma mais nova, modestamente encadernada. Ao puxá-la, reconheci imediatamente a obra: era um dos romances que eu mesma escrevera, publicado sob o pseudônimo de "Sia". A edição finalmente chegara com a última remessa de livros novos.

Um sorriso involuntário—largo, genuíno, talvez até desproporcional—iluminou meu rosto. Era a expressão de uma conquista íntima, um segredo que ninguém naquela casa grandiosa podia decifrar. Aquele livro era meu refúgio final, minha voz verdadeira encadernada em papel.

Levei-o para o jardim, direto para meu refúgio predileto: o abraço generoso de um carvalho centenário, onde um balanço de madeira suspenso parecia esperar por mim. À sua frente, o lago espelhava o céu, suas águas plácidas sussurrando promessas de paz. Ali, encostada no tronco nodoso, posicionei-me de modo a ficar completamente oculta da vista da casa.

Respirei fundo, o ar puro da noite que se aproximava enchendo meus pulmões. Então, abri o livro na primeira página e mergulhei na história que eu mesma tecera—um mundo de magia, coragem e uma heroína que tudo faria para salvar o que amava. Era, em sua essência, o antídoto perfeito para a realidade que eu vivia

O mundo de Gia e Theo era tão vívido que o tempo perdeu seu significado. Segui cada passo deles pela Floresta dos Sussurros, cada desafio enfrentado em busca da Pedra de Lumina. Foi neste mergulho literário que o cansaço finalmente me venceu, e adormeci sob a proteção do carvalho, o livro aberto sobre meu colo.

Não sei por quanto tempo dormi. Despertei abruptamente, com o pescoço rígido e um frio noturno penetrante. A luz da lua, agora alta no céu, banhava o jardim em tons de prata e sombras profundas. Consultei meu relógio de bolso: 2:32 da madrugada. A propriedade estava envolta em um silêncio quase absoluto, quebrado apenas pelo canto noturno de grilos.

Movendo-me com cuidado, marquei a página do livro — Gia e Theo haviam acabado de decifrar o primeiro enigma do Oráculo — e massageei meu pescoço dolorido. A quietude era tão intensa que cada pequeno ruído me soava como um alarme. Calcei meus sapatos com movimentos lentos e iniciei a caminhada de volta em direção à mansão adormecida.

Minha rota de fuga era a mesma de sempre: a porta lateral, escondida atrás de uma cortina de glicínias. A chave, como sempre, estava escondida no vaso de gerânios — um pequeno segredo meu. Ao pegá-la, os dedos encontraram o metal frio, familiar. Girei a chave na fechadura com um clique suave, quase inaudível.

Foi então que a voz chegou até mim.

Sussurrada, mas inconfundível. Alessia.

Era coming da direção da varanda principal. Um frio que não tinha relação com a noite percorreu minha espinha. O que ela estaria fazendo acordada a essa hora? E, mais importante, com quem estaria falando?

Deixei meus sapatos no parapeito, os pés descalços amortecendo meus passos no mármore frio do corredor. Aproximei-me como uma sombra, mantendo-me nas áreas escuras, até alcançar a coluna de mármore que marcava a entrada para a varanda.

E então eu os vi.

Dois vultos entrelaçados sob a luz prateada da lua. Alessia... e Jonas.

O mundo desabou. O ar saiu dos meus pulmões em um suspiro rouco.

A dona do anel... O pensamento cortou-me como uma lâmina. Mas ela já anunciou o noivado com Philip!

A raiva surgiu então, quente e repentina, substituindo o choque inicial. Que afronta! Que traição vil! Lembrei-me, então, dos olhares prolongados de Jonas durante as caminhadas matinais de Alessia no jardim. Eu, ingênua, atribuíra aquilo à mera apreciação estética.

"Por favor, não seja o que estou pensando", roguei silenciosamente, meus dedos se apertando contra o mármore frio da coluna.

Mas então ouvi as palavras, carregadas de emoção, sussurradas por Jonas:

"—...não podemos continuar assim, Alessia. Precisamos contar a verdade."

A resposta dela veio em um tom suplicante, que eu nunca lhe ouvira usar: "Mas Philip...e Sophia... Jonas, é complicado demais!"

Complicado? Quase soltei uma risada amarga. Era mais do que complicado — era uma teia de mentiras e traição, e eu, sem querer, havia me tornado uma peça nesse jogo perverso.

Meu coração batia forte contra as costelas, um ritmo acelerado de indignação e descoberta. Ali, naquela varanda, sob a luz pálida da lua, não testemunhava apenas um caso ilícito — testemunhava o desmoronar de duas vidas que não eram as minhas, mas que, de repente, me concerniam profundamente.

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8 chapters
01_uma descoberta inusitada
02_uma determinação Nova
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04_chegada do conde
05_A Visão de Philips
06_O beijo sob o luar
07_o despertar
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