Imagina acordar num dia comum, levantar da cama, e descobrir que o garoto mais rico da cidade decidiu montar um cavalo branco (sim, literalmente!) e aparecer na sua porta achando que é o seu salvador. Parece coisa de filme ruim, né? Também achei. Até o dia em que Benjamin resolveu entrar — ou melhor, invadir — a minha vida. Um playboy adolescente que renega o mundo de luxo onde nasceu e, por algum motivo completamente inexplicável, cismou que precisa me salvar. O problema? Ele nunca perguntou se eu queria ser salva. — E se eu estivesse perguntando se podia te ajudar? — Eu teria dito não. — Então é por isso que eu vou fazer assim mesmo. Intrometido, insistente, irritante. E, pra piorar, carismático. A gente discute mais do que respira, o que leva minha melhor amiga a soltar pérolas como: — Vocês dois deviam namorar logo, porque esse teatrinho já deu. Mas isso aqui não é um romance clichê. Pelo menos não pra mim. Se eu pudesse, mandava o Benjamin pra outra cidade. Pena que a família dele é dona dessa. Depois que meus pais morreram num acidente de carro — e eu sobrevivi por estar sem cinto, ironicamente —, tudo na minha vida saiu dos trilhos. E agora, cada boa intenção do Benjamin parece só piorar as coisas. Ele me deu uma carta, mas o que não estava escrito nela é tudo o que eu venho sentindo desde então. Tem coisas que palavras não explicam. E tem feridas que nem um cavaleiro branco pode curar. Mas talvez… só talvez… ele esteja disposto a tentar.
Leer másMuitas histórias começam com um “Era uma vez” ou se passam em um lugar “tão, tão distante”. Mas não essa. Essa é a minha história — e posso te garantir que ela está bem longe de terminar com um “felizes para sempre”.
Prazer, meu nome é Amber. E eu sou o motivo pelo qual você vai começar a duvidar que contos de fadas realmente funcionem fora dos livros.
Estou no último ano do ensino médio, mas diferente da maioria dos veteranos que brilham pelos corredores da escola, eu passo despercebida. Quer dizer... se desconsiderarmos o apelido “a órfã” que carrego desde que minha adorável prima resolveu transformar minha tragédia pessoal em fofoca de corredor.
Minha escola é um teatro, dividido entre classes sociais e padrões de beleza. E eu? Eu não me encaixo em nenhuma dessas categorias. Estudo ali apenas porque minha tia Olga, além de diretora da escola, também é — para minha total infelicidade — minha guardiã legal. Mas não me entenda mal. A ingratidão é recíproca.
Meus pais morreram quando eu tinha doze anos. Passei um ano pulando de lar em lar até que alguém descobriu que eu não vinha sozinha — junto comigo, uma bela herança. Foi o bastante para até os tios mais distantes brigarem por mim na justiça. No fim, minha tia venceu. Confesso que quase acreditei naquele teatrinho diante do juiz: "Vou me esforçar para dar o melhor a ela, como faço com todas as crianças da escola." Se eu pudesse voltar no tempo, daria um tapa na minha própria cara por ter acreditado.
Hoje, moro nos fundos da casa dela, na antiga casa do caseiro. Um casal simpático me recebeu bem, mesmo com o espaço sendo minúsculo. Trabalho em dois empregos de meio período — enquanto ela torra minha herança com o novo marido e a filha perfeita de comercial de margarina.
O novo ano letivo começa amanhã, e com ele, minha paciência desaparece. Durante as férias, dobrei minha carga horária pra juntar dinheiro. Faculdade é meu único objetivo. E quanto mais longe daqui, melhor. Já tenho o suficiente pra matrícula e alojamento — só falta atravessar o último desafio: o inferno chamado terceiro ano.
Antes de dormir, abro o pingente que carrego no pescoço. A foto dos meus pais me encara, e eu falo baixinho:
— Pai, mãe… sei que essa não era a vida que vocês imaginaram pra mim. Mas estou tentando. Tô juntando dinheiro, quero ser advogada como a mamãe foi. Quero defender as minhas ideias. E sei que vocês ainda estão me guardando aí de cima.
Beijo o pingente, fecho os olhos e tento acreditar que o pior já passou.
Amanhã começa algo pelo qual lutei muito: vou finalmente estudar em uma escola.
Parece exagero? Talvez seja. Mas meu pai me colocou à prova. Tenho um mês para mostrar que sou capaz de viver fora da redoma em que fui criado. E tudo isso só porque quero... estudar. Surreal, né?
Ah, me chamo Benjamin. Filho único, herdeiro da terceira família mais rica da cidade — os Willivam. Cresci cercado por muros, câmeras e seguranças. Três tentativas de sequestro me renderam uma infância protegida demais, quase isolada. Minha ama de leite foi mais mãe do que qualquer outra figura por perto. Maria. Sou oficialmente o segundo filho dela.
Não me leve a mal. Meus pais sempre estiveram presentes. Presentes até demais. Cada encontro com eles virou uma agenda formal, com hora marcada e sorrisos obrigatórios. Ser filho único tem suas vantagens… e seus pesos. Toda expectativa familiar recai sobre mim.
Essa escola é o meu teste. Eles dizem que é de elite, mas também onde estão as pessoas mais perigosas — não com armas, mas com sorrisos falsos, ambição e sede por status. E, sinceramente, essa é a parte que mais me assusta.
Nunca pisei em uma sala de aula de verdade. Mas estou determinado. Faço 18 anos este ano e, com isso, quero escolher o rumo da minha vida. Faculdade, profissão, futuro. Talvez eu acabe mesmo assumindo os negócios da família, mas, se for, vai ser porque eu escolhi — não porque foi imposto.
Amanhã eu começo essa nova etapa. Uma escola comum, pessoas comuns… ou pelo menos é o que estou tentando acreditar. É hora de sair do meu mundo dourado e descobrir quem eu realmente sou.
Boa noite, mundo lá fora. Nos vemos em breve.
O auditório da escola estava decorado com balões brancos, dourados e painéis de fotos que exibiam sorrisos do início do ano. Luzes suaves banhavam o palco, onde os formandos subiriam um a um para receber seus diplomas e encerrar oficialmente uma etapa. O som da orquestra da escola dava o tom solene da noite. E, entre os convidados, sorrisos orgulhosos, olhos marejados e suspiros nervosos preenchiam o ar. Amber respirou fundo, observando o ambiente da lateral do palco. Usava um vestido simples, porém elegante, que ela mesma havia desenhado meses antes, em um dos raros momentos de paz que teve naquele ano. O tecido azul-escuro realçava seus olhos, e uma fina tiara de flores brancas adornava seus cabelos soltos. Ao seu lado, Carla segurava firme sua mão. - Pronta pra fechar esse ciclo, estilista? - Pronta... acho. Só não sei se estou preparada pro próximo - sussurrou Amber, e Carla apertou sua mão com carinho. - Você nunca esteve sozinha. E agora tem ainda mais gente com você. Seja
Na cafeteria Amber olhava para o café da manhã servido à mesa com uma expressão que misturava confusão e leve frustração. Todos conversavam animadamente sobre os últimos preparativos da formatura, da viagem, dos trajes, da próxima etapa da vida... Mas uma pergunta martelava em sua mente. Ela apoiou os cotovelos na mesa e pigarreou. — E ninguém vai falar das faculdades? O silêncio caiu de forma abrupta. Carla, que estava colocando geleia em uma torrada, parou o movimento no ar. Victor e Jhon trocaram olhares. Kevin tomou um gole do suco como se tivesse engasgado de leve. Benjamin foi o único que sorriu. — A gente estava esperando você falar primeiro — disse ele com calma. Amber cruzou os braços. — Eu escolhi. Mas quero saber pra onde cada um vai. Vamos passar anos em cidades diferentes e ninguém se deu ao trabalho de dizer nada? — Ok, ok — Carla respondeu, erguendo as mãos. — Eu também vou para o mesmo estado que você. Consegui uma bolsa para Jornalismo, lembra? Só que em outra
Amber apertava a alça da bolsa no banco de couro do carro enquanto a paisagem passava devagar pela janela. Era como se tudo estivesse em câmera lenta: as árvores da estrada, os cafés rústicos no caminho, as placas de boas-vindas da cidade universitária. Ao seu lado, Benjamin sorria discretamente, os olhos atentos ao GPS, mas com uma expressão clara de empolgação contida. Ele sabia o quanto aquele momento significava. A cidade era diferente de tudo que ela conhecia. Pequena, artística, arborizada. Os postes antigos tinham vasos com flores pendurados, e as ruas de paralelepípedo faziam a cidade parecer uma pintura em movimento. Era quase como se Amber estivesse entrando numa vida paralela, onde tudo o que passou não existia mais. Ao descer do carro em frente à faculdade, ela sentiu um frio no estômago. O campus era amplo, com construções modernas misturadas a prédios antigos restaurados, grafites artísticos pelos muros e pessoas de estilos completamente diferentes circulando com portf
A mansão Willivam estava silenciosa quando Amber entrou pela porta da frente, carregando a mochila nos ombros e o coração mais pesado do que gostaria de admitir. A visita à faculdade havia sido mágica, quase como um sonho bom depois de um pesadelo longo. Mas a mensagem que recebera antes de voltar à casa ainda pulsava como um alarme mudo em sua mente. Ela não sabia ao certo por que ainda sentia medo. Afinal, Olga estava presa. Seu reinado de terror tinha acabado. Mas a mensagem não deixava dúvidas: alguém ainda estava por perto. Alguém que sabia quem ela era. Alguém que a chamava de coelinha – o apelido grotesco que apenas um homem usava... o marido de Olga. E o mais estranho de tudo: ninguém jamais havia mencionado a prisão dele. Amber atravessou o corredor em silêncio, como se ainda precisasse se esconder entre aquelas paredes luxuosas. Deixou a mochila no quarto e se trancou no banheiro, ligando a torneira para abafar o barulho do celular ao ser liga
O céu estava nublado naquela manhã, mas nem mesmo as nuvens cinzentas conseguiam apagar o brilho nos olhos de Amber enquanto ela apertava com força a alça da mochila no banco de trás do carro. Benjamin dirigia em silêncio, respeitando o momento, mas ocasionalmente olhava pelo retrovisor e sorria ao vê-la observando a cidade passar com um misto de ansiedade e admiração. Ao lado de Amber, Carla não escondia o orgulho. Havia cuidado de todos os detalhes: o look de Amber, os documentos para a matrícula e até o lanche que guardou em uma bolsinha térmica "só por precaução". – Tá nervosa? – Benjamin perguntou, quebrando o silêncio assim que entraram na estrada. Amber respirou fundo. – Um pouco... é muita coisa de uma vez. Ainda parece que eu vou acordar e estar de volta no meu quartinho velho, com a Verônica gritando na porta. Carla se virou para ela, com ternura nos olhos. – Esse tempo acabou, Amber. E você batalhou muito para estar aqui. Você merece. Amber assentiu, emocionada. Ela
O sol entrava timidamente pela janela do quarto de Amber, iluminando as roupas espalhadas pela cama. Um vestido florido, duas calças jeans, três camisetas, o tênis branco que Benjamin insistiu que ela usasse na visita à faculdade. Tudo parecia surreal demais. A mala semiaberta era um símbolo do novo começo que a aguardava. Pela primeira vez, Amber estava prestes a sair da cidade não para fugir de algo... mas para correr atrás de um sonho. Ela suspirou e sentou-se na beira da cama, segurando em mãos um pedaço de papel onde anotava o que ainda precisava colocar na bagagem. Escova de cabelo, documentos, carregador do celular. Riu sozinha ao lembrar como antes sua maior preocupação era não se atrasar para lavar os corredores da escola, e agora estava aqui, escolhendo entre bolsas para combinar com um look de universitária. Enquanto dobrava uma blusa, ouviu batidinhas suaves na porta. – Amber, posso entrar? – era Carla. – Claro! Carla apareceu com o tablet na mão, sorrindo daquele jei
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