Paloma tinha a cabeça recostada no ombro de César durante o caminho de volta para Cabaceiras. Os músculos estavam doloridos, pesados pelo esforço, mas o coração pulsava leve, cheio de uma alegria que a surpreendia.
Entre uma curva e outra da estrada, trocavam abraços e beijos rápidos, famintos, como se cada instante fosse pouco. Tinham permanecido na praia até o sol se dissolver em vermelho no horizonte, e agora voltavam de mãos dadas, como se o dia tivesse costurado os dois em uma mesma linha.
César passou os dedos de leve pela testa dela.
— Está dormindo?
— Não, só pensando.
— Estamos chegando em Cabaceiras. Quer parar para jantar em algum lugar?
Paloma se endireitou no banco, franzindo o nariz. Estava consciente da pele salgada, dos cabelos endurecidos pela água do mar, da roupa úmida que grudava no corpo.
— Acho que me expulsariam de qualquer lugar respeitável em que eu entrasse assim.
Ele arqueou a sobrancelha.
— E por quê?
— Estou cheia de areia, com o cabelo duro e a roupa mol