Alexey apenas assentiu, como se entendesse mais do que dizia. Aquilo me deu uma sensação estranha, como se ele enxergasse algo além do que eu falava.
Hesitei por um segundo. Um segundo longo demais. Meus dedos buscaram o cabelo atrás da orelha, numa tentativa nervosa de manter alguma compostura.
— É… eu acho que vou ajudar a Natasha na cozinha. Se você não se importar.
Alexey demorou um momento para responder. Os olhos dele me acompanharam no gesto do cabelo. Quando finalmente falou, a voz saiu mais suave do que eu esperava.
— Tudo bem.
Mas eu não me mexi. Permaneci ali, como se o corpo não tivesse recebido o comando para sair. Como se uma parte de mim não quisesse sair.
Foi só quando ele desviou o olhar por um breve instante — para não me engolir inteira, talvez — que encontrei forças para sair da sala.
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A cozinha estava viva. Empregados corriam de um lado pro outro, bandejas tilintando, aromas de temperos quentes e açúcar queimado preenchendo o ar. O som do forno sendo abert