O zíper subiu com um som discreto, como se até ele tivesse consciência do silêncio ao meu redor. O tecido do vestido deslizava macio contra minha pele, marcando minhas curvas com uma precisão que me fez morder o lábio. Eu não me vestia assim há muito tempo. Na verdade, não lembrava da última vez em que havia usado algo que não fosse neutro, discreto, escondido. Algo que não tivesse a intenção explícita de me apagar.
O vestido verde musgo me envolvia como se tivesse sido costurado especialmente para mim. E, de certa forma, havia sido. Não pelas mãos de um alfaiate, mas pelas de Alexey. A empregada me entregou a sacola de grife mais cedo, sem dizer uma palavra, e eu soube de imediato de quem vinha. Não havia bilhete, mas o gesto em si falava alto.
Dentro da sacola, além do vestido, havia um par de sapatos elegantes, da mesma marca. Olhei para eles por longos minutos antes de decidir. Pensei em não usar. Pensei que talvez fosse demais. Que talvez eu estivesse traindo alguma parte de mi