Aquela voz — grave, áspera, com aquele sotaque que parecia arranhar por dentro — me atravessou. Eu não sabia o que aquela expressão significava, mas havia algo nela que me fez prender a respiração. Era como se cada sílaba roçasse minha pele, como se fosse dita direto ao meu corpo, não aos meus ouvidos.
Lembrei de perguntar o que isso quer dizer depois, pensei. Mas a ideia desapareceu assim que ele deu um passo na minha direção.
— Você está bem?
Simples. Direta. Mas havia um peso naquela pergunta. Um tipo de atenção que eu não sabia como lidar. Como se ele realmente se importasse. Como se ele me visse.
Eu hesitei. Quis mentir. Quis dizer que sim, que estava tudo bem, que eu era forte. Mas a verdade se enrolou no meu peito como um nó.
— Não sei — sussurrei, a voz fraca. — Acho que ainda estou tentando entender tudo.
Ele assentiu devagar, como se carregasse minha confusão junto com a dele. Como se estivéssemos presos no mesmo vácuo, mesmo tentando fugir dele.
— Eu queria ter fic