Aquela noite parecia mais pesada do que todas as outras.
A cidade brilhava do lado de fora, mas dentro da minha cobertura só existia escuridão.
Eu estava de frente para ele, e era como se o mundo inteiro tivesse se calado para ouvir o que Zain — ou Rafael — tinha a dizer.
— A verdade vai destruir você, Joana. — Ele repetiu, a voz rouca, carregada de algo que parecia medo. — Mas se é isso que você quer… então eu vou te dar.
Senti minha garganta secar. Meus dedos tremiam, mas não recuei.
— Eu quero.
Ele respirou fundo e andou até a janela. O reflexo da cidade iluminava seu rosto, e pela primeira vez eu vi algo que sempre esteve escondido: cansaço.
— O nome Zain não me pertence. — Ele falou devagar, como se cada palavra fosse um peso. — É uma máscara. Um nome que me deram quando roubaram o meu passado.
Minha respiração acelerou.
— Então quem é você?
Ele se virou. Seus olhos estavam escuros, intensos.
— Rafael Santos.
O mundo girou e eu me senti caindo lentamente em um abismo interminável