A manhã seguinte nasceu cinza. O sol até brilhava lá fora, mas dentro de mim só havia escuridão.
Eu rolei na cama, procurando Rafael, mas o lado dele estava frio. Ele já tinha saído.
O bilhete amassado sobre o travesseiro era curto, frio, como sempre:
"Reuniões. Volto logo. — R"
Suspirei, apertando o papel na mão. Ele tinha me dado a verdade — ou parte dela — na noite anterior. Mas saber que Zain era Rafael Santos não me trouxe paz. Pelo contrário. Agora eu sabia que estava dormindo ao lado do homem mais perigoso da cidade.
E Ana… Ana já devia ter pressentido.
Na empresa, o caos continuava.
Os jornais ainda estampavam manchetes sobre mim. As fotos de Zain brigando com os seguranças e me beijando circulavam como se fossem pornografia barata.
E cada clique parecia rir da mesma coisa: a CEO apaixonada por um ex-garoto de programa.
Entrei na sala do conselho de queixo erguido, mas por dentro meu estômago queimava.
Os diretores cochichavam entre si. Meu pai, Carlos, não levantou os olhos.