Arco 4 – A Mãe Verdadeira (Cap. 17–20)
O cheiro de éter grudava no nariz, misturado ao suor frio que escorria da testa. Andrea se contorcia na maca de ferro, as mãos agarradas no lençol áspero, que já não era branco fazia tempo. As paredes descascadas do hospital público de Santa Clara pareciam se fechar sobre ela, e o som era um coro descompassado de gritos de outras mulheres, passos de enfermeiras apressadas, bandejas de metal batendo sem cuidado.
— Respira fundo, Andrea. Força! — a parteira gritou, voz cansada, como quem repete a mesma frase vinte vezes por dia.
Andrea tentou obedecer. O ar entrou rasgado, queimando os pulmões. O corpo já não respondia, só tremia. Uma dor funda, animal, partia de dentro dela. Apertou mais o lençol, gritou, o som saiu rouco, atravessando o corredor.
E então, silêncio. Um silêncio que pesava mais que qualquer grito.
O bebê chorou, por um segundo só. Depois, o barulho sumiu. Andrea ergueu a cabeça, desesperada.
— Cadê? Cadê a minha filha?
Ninguém resp