As semanas que se seguiram ao nascimento do bebê transformaram a casa num lugar onde o cansaço e a descoberta se misturavam em cada canto. Ayla mal conseguia distinguir manhã de noite; o relógio da sala, que antes marcava as horas com um som alto e constante, agora parecia zombar dela, marcando um tempo que não obedecia ao ritmo da maternidade. Aos poucos, porém, a poeira foi baixando. O bebê mamava melhor, Emma já não chorava escondida com medo de perder espaço, e Juan fazia o possível para manter a mansão viva e funcional enquanto a família se ajeitava.
Era um domingo de sol. O cheiro de terra molhada ainda vinha das chuvas da madrugada, misturado ao aroma forte do café que Juan havia passado mais cedo. Ayla saiu do quarto com o bebê no colo, os pés descalços tocando o piso frio de mármore. Ele dormia pesado, o corpo mole, o rosto enfiado contra o peito dela. Emma estava sentada no tapete da sala, pintando com lápis de cor, a língua para fora num gesto concentrado que lembrava Juan