Epílogo – Anos depois
O tempo não apaga. Ele ajeita, desloca, empurra as dores para cantos diferentes, como quem arruma um quarto sem nunca jogar fora de verdade o que machuca. Oito anos haviam passado desde o casamento no jardim da mansão reconstruída. Oito anos cheios de gritos infantis, brigas, reconciliações, aniversários cheios de bolo mal cortado e alguns silêncios que só o convívio traz.
A mansão na estrada daquela ampla cidade agora parecia outra. As paredes, que carregavam as marcas da explosão, estavam cobertas por heras verdes, que cresciam sem pedir licença, como se a própria natureza tivesse decidido cuidar da família. O portão rangia ao abrir, e as crianças costumavam correr para fora antes mesmo do carro desligar.
Juan e Ayla tinham agora dois filhos além de Emma: o pequeno Matteo, de oito, e Clara, de cinco. Emma, adolescente, passava horas trancada no quarto ouvindo música no fone, mas ainda buscava o colo de Ayla quando alguma decepção adolescente apertava o peito. J