O cheiro do hospital nunca saía das narinas dela. Mesmo quando voltou pra casa, parecia que o éter e a água sanitária estavam impregnados na pele. Andrea acordava à noite sentindo aquele gosto metálico na boca, lembrando dos tubos, das agulhas, das enfermeiras frias que mexiam no corpo dela como se fosse só mais um corpo, não uma mulher que tinha perdido tudo.
A doença veio sorrateira, primeiro como cansaço. Uma tontura estranha quando lavava roupa, uma dor funda no peito ao subir a escada da casa alugada em Santa Clara. No começo, ignorava. Achava que era só fraqueza, só fome, só tristeza acumulada. Mas o corpo foi mostrando os limites. Perdeu peso, os olhos afundaram, a pele perdeu cor. Cada vez que ia ao mercado, o caixa a olhava com pena.
E junto da doença, vieram as lembranças que não desgrudavam. Primeiro de Sunny, sua primogênita. O nome verdadeiro era outro agora, mas ela sempre a chamara de Sunny, seu raio de luz. Seus pais tinham arrancado dela ainda menina, quando seu marid