Ele não apareceu.
O despertador tocou, mas ela não se lembrava de ter programado. Sete da manhã. O quarto estava abafado, a cortina pesada não deixava a luz entrar. Bianca virou para o lado, procurando o celular entre os lençóis amassados.
Nenhuma mensagem.
Nenhuma ligação.
Nenhuma justificativa.
O vestido da noite anterior ainda estava no chão, dobrado de qualquer jeito. O salto esquerdo encostado na parede, o direito caído debaixo da cama. O cheiro de vinho azedo ainda pairava no ar. Bianca levantou devagar, sentindo o gosto seco na boca, a cabeça pesada. Foi até o banheiro e ligou a torneira. A água gelada ardeu no rosto. O espelho devolveu uma mulher com os olhos inchados, o cabelo embaraçado, a marca vermelha de onde tinha dormido em cima do próprio braço.
Sentou-se na privada fechada, respirou fundo. O azulejo do chão estava frio sob os pés descalços. Ficou um tempo só ouvindo o som da água escorrendo, como se aquilo fosse a única coisa real.
Pegou o celular outra vez. Rolou os