Mundo de ficçãoIniciar sessãoUma Babá, Uma Noiva Fugitiva, e Um CEO Bilionário? Maria Eugênia Valença só queria fugir de um casamento arranjado que nunca pediu. Trocar o sobrenome poderoso por um apelido discreto e um emprego temporário parecia o plano perfeito. Até ela acabar, por engano, trabalhando como babá na casa de Logan Novak. Logan Novak é um CEO bilionário, pai solteiro e sob intensa pressão política e empresarial para se casar — de preferência com a noiva que desapareceu meses atrás. O detalhe inconveniente? Ele não faz ideia de que essa noiva agora mora na sua casa… cuidando dos seus filhos. E Mareu também não sabe que o homem que paga seu salário é justamente aquele de quem ela fugiu. Eles nunca se viram. Nunca trocaram fotos. Nunca imaginaram isso. Agora, Mareu precisa fingir que é só uma babá comum (mesmo não sendo), enquanto Logan tenta manter a regra de que “funcionários eficientes são invisíveis” — e falha miseravelmente. — Senhorita Mareu? Não, não, não, não… — Você quer me explicar o que está fazendo dentro da minha banheira... no meu quarto? Queria? Não. Podia? Também não. Precisava? Infelizmente, sim. — Tomando… banho? Uma comédia romântica cheia de segredos, tensão e situações absurdas, onde fugir do casamento foi fácil — difícil vai ser fugir do amor.
Ler mais— Eu nunca fui tão humilhada na minha vida! — A mulher que acabara de sair da sala de entrevistas praticamente gritou isso ao passar pela recepção como um furacão.
As outras candidatas se entreolharam. Algumas ajeitaram a postura. Outras checaram os currículos pela décima vez. Todas pareciam prontas para desistir.
Eu? Eu estava sentada numa cadeira desconfortável demais para um prédio tão chique, com uma barra de chocolate meio derretida na mão, que eu beliscava compulsivamente porque meus nervos estavam em frangalhos.
Calma, Mareu. Você consegue.
Mentira. Eu não conseguia. Mas também não tinha escolha.
Minha amiga Clara tinha me arranjado essa entrevista para digitalizar papelada no RH da empresa onde ela trabalhava. Algo temporário, entediante, mas era dinheiro. E era melhor do que continuar dormindo no sofá apertado dela, comendo miojo.
Ouvi a mulher ao meu lado suspirar alto e murmurar para outra candidata:
— Não sei se vale a pena tudo isso por uma vaga de babá de duas crianças birrentas...
Minha cabeça girou tão rápido que quase quebrei o pescoço.
Espera. Crianças? BABÁ?
A recepcionista tinha me mandado para a sala errada! Peguei a bolsa do chão com a mão livre, pronta para sair dali. Eu não fazia a menor ideia de como cuidar de criança — mal cuidava de mim! Tomara que ainda desse tempo de achar a entrevista certa.
Droga, tudo estava dando errado!
Mas para ser honesta, nada mais parecia dar certo na minha vida depois de Rafael, o golpista que fingiu estar apaixonado por mim só para ter acesso ao dinheiro da minha família.
Depois do escândalo, meus pais decidiram "resolver" minha vida. Arranjaram um casamento por contrato com um viúvo bilionário — alguém que eu nunca conheci, nunca vi, sequer quis saber o nome.
Fugi antes do jantar de noivado.
Já estava quase me levantando da cadeira, pronta para fugir daqui também, quando a outra candidata respondeu, com aquele tom de quem sabe de fofoca boa:
— Mas os benefícios são ótimos! Moradia, alimentação, salário generoso... e dizem que o patrão é um gato.
Congelei com a bolsa no colo.
Teto. Comida. Salário.
Sentei de novo, devagar, recolocando a bolsa no chão.
Bom... já que estou aqui...
Mordi mais um pedaço do chocolate e esperei.
Uma a uma, as candidatas foram chamadas, desapareceram pela porta e voltaram com cara de derrota.
— Homem grosso... — ouvi uma resmungar.
— Criança impossível... — outra completou.
O relógio parecia andar rápido demais e, ao mesmo tempo, não sair do lugar.
Quando a penúltima se levantou, já não restava ninguém além de mim e da minha barra de chocolate.
— Candidata número nove! — A voz da secretária ecoou pela recepção.
Levantei com as pernas bambas. A secretária abriu a porta da sala e anunciou:
— Senhor Novak, essa é a última candidata.
Depois olhou para mim e acenou com a cabeça.
— Pode entrar.
Respirei fundo e entrei.
A primeira coisa que senti foi o caos. Um bebê chorando alto num carrinho. O tipo de choro que perfura o cérebro. Uma menina de uns seis anos andando de um lado para o outro, mexendo num celular e falando alto como mini executiva, revirando os olhos para o choro do irmão.
E então... ele.
Céus! O homem estava sentado atrás de uma mesa enorme, terno impecável, gravata afrouxada, cabelo castanho escuro bagunçado como se ele tivesse passado a mão ali várias vezes por puro estresse. Olhos verdes, cansados, mas intensos. Maxilar marcado, ombros largos, presença que ocupava o ambiente inteiro.
Meu cérebro romântico e viciado em doramas pensou imediatamente: Nem na ficção tinha um protagonista masculino tão perfeito.
E então eu tropecei. No tapete. Meu pé prendeu na beirada, meu corpo se desequilibrou, e eu me agarrei na beirada de uma mesinha lateral. O copo plástico de água que estava em cima tombou. A água se espalhou pelo tampo e começou a pingar no chão.
O barulho ecoou pela sala. Até o bebê parou de chorar por dois segundos, confuso com o show de desastres.
Eu queria enfiar a cabeça num buraco e sumir do mapa.
Senhor Novak me olhou. Aqueles olhos verdes me analisaram de cima a baixo com uma expressão que eu não consegui decifrar. Cansaço? Incredulidade? Desprezo? Provavelmente tudo junto.
O bebê voltou a chorar, mais alto ainda.
Senhor Novak fechou os olhos por um segundo, como se reunisse toda a paciência do universo.
— Como pode perceber — disse, a voz grave, controlada —, minha filha derramou refrigerante em cima do seu currículo.
Olhei para a mesa. Havia uma folha de papel molhada, borrada, ilegível.
— O que eu preciso saber sobre você? Seja rápida. Eu não tenho todo o tempo do mundo.
Engoli seco.
— Meu nome é Maria Eu... — Merda. — Mareu. Meu nome é Mareu e...
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Você não sabe seu nome?
— Sei! É que... pode me chamar de Mareu. Tenho 26 anos e...
— Olha, Mareu — ele me interrompeu. — Você é a última candidata. Já entrevistei outras oito pessoas hoje. O bebê não para de chorar há horas e eu... — passou a mão pelo cabelo, bagunçando ainda mais. — Eu só preciso que alguém consiga fazer o básico. Se você fizer esse bebê parar de chorar, o emprego é seu.
— Sério?
— Sério.
É só um bebê. Quão difícil pode ser?
Caminhei lentamente até o carrinho. O bebê chorava mais alto ainda, como se soubesse que eu não fazia ideia do que estava fazendo.
Tentei empurrar o carrinho de um lado pro outro. O choro continuou.
Fiz uma careta engraçada. Nada.
Tentei balançar mais rápido. Só piorou.
— Então — a voz do Senhor Novak veio atrás de mim. — Como era sua rotina na última casa? Minha filha é bem ativa.
Ele quer conversar AGORA?
— Ahm... natação duas vezes na semana, tênis às quintas, hipismo no final de semana e depois do Rafael tinham as aulas de defesa pessoal...
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Defesa pessoal para criança? Interessante.
Ahh.
Ele estava falando de criança?
Eu tinha respondido sobre a minha rotina. A rotina que eu tinha quando ainda morava na mansão dos Valença.
Melhor improvisar.
— É! — forcei entusiasmo, ainda balançando o carrinho. — Super importante para... desenvolvimento da confiança delas! E autodefesa, claro. Defesa... muita... defesa. Auto.
Ele pareceu considerar isso, então continuou:
— E como você lida com birras?
Respirei aliviada. Essa eu sabia responder.
— Normalmente com chocolate e doramas. Quero dizer, depois de uma certa idade, não dá pra achar que birra vai resolver tudo. É só se sentar e esperar passar.
Os olhos dele se estreitaram levemente.
Merda.
De novo, Mareu?
Mas então ele disse, com um toque quase... divertido?
— Interessante. Chocolate como recompensa e distração visual. Funciona?
— ...Funciona sim.
Pelo menos pra mim.
— Viagens podem estar incluídas no trabalho. Tudo bem para você?
Tentei fazer cócegas no pé do bebê. Sons engraçados com a boca. Nada.
— Ah, eu amo viajar! — respondi, quase gritando por cima do choro. — Ano passado passei um verão incrível num cruzeiro de luxo pelas ilhas gregas!
Ele inclinou a cabeça.
— Então você está acostumada a trabalhar com famílias de alto padrão. Ótimo.
Trabalhar? Eu tinha falado das minhas férias. Mas se ele entendeu como experiência profissional, eu não ia corrigir.
— Sim. Totalmente acostumada.
O bebê estava inconsolável. Senhor Novak me observava com aquela cara séria. Eu estava falhando miseravelmente.
E então, sem pensar, comecei a cantar uma música idiota de um dorama que eu tinha assistido na semana passada, em um coreano ruim, que eu nem sabia o significado.
Baixinho. Desafinado. Ridículo.
Eu estava tentando acalmar mais a mim mesma, mas... o bebê parou de chorar.
Assim. De repente. Ficou me olhando com aqueles olhinhos arregalados.
Continuei cantando, com medo de parar e o choro voltar.
O bebê soluçou uma última vez e fechou os olhinhos, finalmente em paz.
Silêncio.
Parei de cantar devagar, quase sem acreditar.
Senhor Novak continuou me observando por um longo momento.
A sala em silêncio absoluto, só o som da minha respiração ofegante, enquanto até a menina mais velha me encarava por cima do celular como se eu fosse a coisa mais estranha que tinha acontecido naquele dia.
Então... eu consegui o emprego?
Olhei para a cara dele buscando algum sinal, mas ele apenas me encarou com aqueles olhos verdes penetrantes, a expressão séria, fria, ilegível.
Bem... talvez não...
Capítulo 35A porta da cabine fechou atrás de nós com um clac macio.Olívia largou a mochila no primeiro sofá que viu como se estivesse em casa. Ou como se estivesse invadindo território inimigo com confiança de quem venceria qualquer conflito.Eu, por outro lado, fiquei parada por meio segundo, tentando entender se eu tinha acabado de entrar numa cabine… ou num apartamento.Porque, sim: era uma cabine. Uma cabine familiar, como solicitado pelo senhor Novak. Uma cabine. O meu cérebro tinha feito questão de gritar isso no corredor, como se “cabine” significasse “um cômodo com duas escovas de dente brigando por espaço”.Mas ali dentro… era outra história.Tinha uma sala de estar com sofás claros e uma mesa baixa com frutas já arrumadas como se alguém tivesse preparado aquilo para uma foto de catálogo. Tinha um bar minúsculo com garrafas de bebidas caras. E tinha uma escada discreta, elegante demais pra ser chamada de escada, subindo para um segundo andar.Olívia foi direto para a escada
Eu reconheci antes mesmo de ver: aquele burburinho de gente se despedindo com abraços longos demais, malas rodando, crianças correndo, alto-falantes chamando nomes que ninguém atende. Cruzeiro tem isso. Parece férias até pra quem tá indo trabalhar, e talvez por isso mesmo seja perigoso.Olívia caminhava do meu lado com a mochila nas costas e uma cara de quem tinha sido condenada a conviver com seres humanos.— Você tá fazendo essa cara desde ontem — eu comentei, só pra cutucar.— Não é cara. É a minha opinião — ela respondeu, sem olhar pra mim.Eu sorri. Ela era tão pequena e já falava como se assinasse comunicado oficial.E aí eu vi.Do outro lado da passarela, imenso, branco, com janelas alinhadas como dentes perfeitos… o nome pintado na lateral.M/S NOVAK ASTERIA.Meu passo desacelerou sem eu perceber.Eu já tinha estado em cruzeiros demais para me impressionar com isso. Mas eu definitivamente estava impressionada com o fato de ele ter o sobrenome do homem que pagava meu salário.—
Capítulo 33 ~ Henrique ~Clara ficou me olhando como se eu tivesse acabado de falar que a lua era um projeto do conselho.— O quê? — ela disse. Uma vez. — O quê? — repetiu, mais alto. — Espera… o quê?Eu apoiei a caneta no papel e esperei. Não por paciência. Por estratégia. Gente em choque fala sozinha se você der espaço.— Como assim… — ela começou, e a frase morreu no meio, porque não tinha como terminar sem virar loucura. — Mareu ia se casar com… com o Senhor Novak?Eu fiz um som pequeno, quase um “é”.Clara levou a mão à boca, tirou, levou de novo. Parecia que o corpo dela não sabia onde estacionar.— Como melhor amiga dela… você não sabia disso? — eu perguntei, em tom de brincadeira, só pra ver se ela se irritava e saía do transe.— Não! — ela soltou no impulso, e logo se corrigiu, tropeçando nas próprias palavras. — Quero dizer… sabia. Quero dizer… COMO VOCÊ SABE?Agora sim. Finalmente a pergunta certa.Eu dei um sorriso torto.— Logan Novak… meu melhor amigo. É difícil alguém
~ LOGAN ~Eu cheguei em casa cedo demais para o que eu estava habituado.A mansão estava naquele silêncio de fim de tarde — ar-condicionado perfeito, piso que não range, funcionários que se movem como se tivessem sido treinados para não existir. Em dias normais, eu apreciaria. Hoje, parecia incomodo.Eu atravessei o hall e encontrei Olívia na sala, sentada com um caderno aberto e uma caneta na mão, como se “suspensa” fosse só um detalhe administrativo.Mareu estava perto, com aquele jeito dela de estar presente sem parecer submissa: atenção no ambiente, mas sem pedir permissão para ocupar espaço.Olívia levantou o olhar primeiro. E eu vi ali, ainda antes de qualquer palavra, o eco do que ela tinha me dito. A frase que vinha me atormentando o dia inteiro.Às vezes eu acho que não tenho pai também.Eu engoli. Não era o tipo de coisa que se resolve com “filha, me desculpa”. Eu não era bom com o que não tinha protocolo.Então eu fiz o que eu sempre fazia: comecei pela logística.— Amanhã
~ HENRIQUE ~Assim que a porta do elevador engoliu Logan Novak, o andar pareceu respirar de novo.Não porque ele fosse um monstro — embora muita gente no prédio apostasse que sim —, mas porque Logan carregava um tipo específico de gravidade. Ele entrava num ambiente e as coisas se alinhavam: papéis, pessoas, intenções. Até o ar ficava mais eficiente.Eu voltei para a minha sala com essa sensação grudada na nuca e fechei a porta atrás de mim.Sentei, encostei os dedos na mesa e fiquei olhando para o nada por exatos três segundos, como se isso fosse uma pausa. Não era. Pausa de verdade é quando a cabeça para de trabalhar. A minha não parava.O nome tinha batido na minha retina como placa de trânsito: rápido, inevitável, impossível de “desver”.Eu não tinha visto de propósito. O RG tinha escorregado da pasta da Mareu, eu me abaixei, peguei, entreguei… e meu cérebro, maldito, fez o que sempre fez: leu. Registrou. Catalogou.Maria Eugênia Valença.Eu tinha fingido normalidade, porque a alt
~ LOGAN ~A frase da Olívia não saía da minha cabeça.Eu já tinha assinado contratos com oito zeros, fechado aquisições em ligação de quinze minutos e decidido destinos de centenas de pessoas com um “sim” ou “não” dito no tom certo. Mas nada disso exigia o tipo de coragem que aquela frase exigia.“E às vezes eu acho que… não tenho pai também.”Eu abri o mesmo documento pela terceira vez. Li as mesmas linhas. Não absorvi nada. O cursor piscava na tela como um deboche.Era isso que eu fazia. Eu ocupava a mente até ela ficar cheia demais para qualquer coisa que importasse entrar. Transformava dor em agenda, culpa em reunião, luto em planilha.Meu nome foi dito ao longe. Uma vez. Duas. Três, até a palavra atravessar o vidro da minha concentração e me puxar de volta ao escritório.— Logan.Levantei os olhos.Henrique estava sentado na cadeira em frente à minha.— Você entrou sem bater — eu observei.— Eu bati. Você ignorou. — Ele apontou para a tela. — Tá, vamos fazer uma pausa. Você tá co





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