A cidade escolhida para receber a primeira filial da Casa Raízes era menor que a capital, mas maior que a vila costeira onde tudo havia começado. Tinha ruas estreitas, prédios antigos misturados a construções modernas, e um rio que cortava o centro, refletindo as luzes das pontes à noite. Clara se lembrava da sensação de chegar ali pela primeira vez, semanas antes, e enxergar as paredes frias do casarão que fora cedido por uma antiga congregação religiosa. Agora, restaurado com cores suaves, flores nas janelas e murais pintados por artistas locais, o lugar exalava vida.
Naquele dia, o portão foi aberto para receber as primeiras mulheres e adolescentes. Balões simples decoravam a entrada, uma faixa escrita à mão trazia os dizeres: “Aqui ninguém cala a nossa voz.” Clara sorriu ao reconhecer a caligrafia de Luana, que se esforçara para desenhar cada letra com giz colorido.
A inauguração foi discreta. Nada de políticos, nada de discursos vazios. Apenas as vozes das próprias mulheres que c