Mila acordou antes que o sol subisse por inteiro.
Não foi pelo hábito — dessa vez, era por causa de uma inquietação doce que não cabia no peito.
O quarto parecia o mesmo, a casa também.
Mas tudo tinha mudado.
Porque ela tinha deixado mudar.
Levantou devagar, passou pela cozinha silenciosa e empurrou a porta lateral.
O pátio ainda estava molhado do orvalho.
As sementes que haviam plantado começavam a soltar brotos minúsculos, verdes de um jeito quase impossível.
Ela se agachou perto do canteiro e passou os dedos pela terra úmida.
Pensou que era assim mesmo — às vezes a vida brotava no escuro, sem alarde.
E quando a gente percebia, já estava crescendo.
O vento trouxe o cheiro do lago.
E junto, a lembrança da noite anterior — o toque da mão dele no rosto, o beijo tão calmo que parecia uma pergunta respondida sem palavras.
Mila sorriu sozinha, sentindo o rosto esquentar.
Depois de preparar o café, abriu o laptop no pátio.
O e-mail que recebera antes ainda estava lá, marcado como important