Arben sentou-se na poltrona mais próxima da lareira.
Blerim ofereceu café, mas ele recusou com um aceno gentil.
— Eu só quero conversar um pouco — disse ele, olhando para as mãos. — Se você permitir.
Mila respirou fundo.
Sentou-se no sofá, com as mãos entrelaçadas no colo.
— Eu quero ouvir. — Sua voz saiu firme, embora o coração parecesse pequeno dentro do peito. — Eu sempre quis entender.
Arben levantou os olhos e sorriu, um sorriso gasto pelo tempo, mas ainda cheio de ternura.
— Sua mãe… — começou ele, como quem procura a palavra certa — era uma mulher muito mais forte do que ela mesma acreditava. E muito mais assustada do que deixava transparecer.
Mila sentiu os olhos arderem.
Blerim se aproximou em silêncio e se sentou ao lado dela, a mão pousando em seu joelho — um lembrete suave de que ela não estava sozinha.
— Eu conheci Emine antes dela vir morar aqui. — Arben continuou, a voz baixa, como se conversasse com fantasmas. — Ela trabalhava na biblioteca de Tirana. Era jovem, cheia