O homem chegou pouco depois do meio-dia, dirigindo uma caminhonete antiga que ronronava como um bicho preguiçoso. Blerim já o esperava no portão, com as mangas arregaçadas e a expressão neutra de quem sabia negociar.Mila os observava da varanda, com uma xícara de chá nas mãos. Tentava parecer tranquila, mas o estômago dava pequenos nós. Era só mobília — ela sabia disso. Peças de madeira, metal, vidro. Mas, por algum motivo, sentia como se estivessem mexendo na espinha dorsal da casa.O comprador se chamava Agron, um homem baixo, de sorriso fácil e olhos que varriam o ambiente com eficiência. Em menos de dois minutos dentro da sala, já havia tocado três móveis, testado uma dobradiça e dado um assobio baixo ao abrir um dos baús.— Tem coisa boa aqui — disse, olhando para Blerim como se Mila fosse invisível. — Madeira sólida. Fabricação de antes da guerra, talvez.— Eu estou aqui — Mila cortou, com educação. — E sim, algumas peças são bem antigas. Mas não estão todas à venda.Agron sorr
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