Os dias seguintes correram num ritmo calmo, como se até o tempo tivesse aprendido a respeitar o silêncio bom da casa.
A reforma do galpão avançava.
Blerim, com o avental manchado de tinta e madeira, passava as manhãs entre pregos e martelo, falando sozinho com as prateleiras como se fossem velhas conhecidas.
Mila o observava pela janela da cozinha enquanto passava pano na mesa ou organizava potes de vidro recém-esterilizados.
Às vezes anotava algo no caderno de rascunhos.
Às vezes só sorria.
Naquela manhã, o som das ferramentas deu lugar ao farfalhar das plantas balançando no vento.
Blerim surgiu à porta da cozinha, com um pedaço de papel na mão.
— Convite oficial — disse ele, estendendo o papel.
— Convite?
Ela pegou e leu em voz alta:
— “Convidamos todos os corações bons desta vila para celebrar o que foi reconstruído com silêncio, paciência e café.”
— É assim que você quer chamar o jantar?
— Foi Valdete quem escreveu. — Ele riu. — Disse que estava na hora de chamar as coisas pelo no