O hospital dormia em silêncio.
Os corredores, ainda úmidos do vapor da madrugada, cheiravam a café velho e éter.
Rose entrou devagar, o corpo coberto de chuva seca e poeira, os passos pesados, mas firmes.
A recepcionista nem ousou detê-la.
Os agentes da Interpol no hall apenas assentiram, como quem reconhece a mulher que enfrentou o inferno e voltou.
O quarto 312 esperava.
Lá dentro, Pedro dormia.
O soro pingava em ritmo compassado; o monitor marcava a vida em sons suaves.
Ao lado dele, Antônio Nascer — o rosto envelhecido, o olhar cansado, os dedos trêmulos segurando o lençol do filho.
Quando ouviu a porta se abrir, ele ergueu os olhos.
Por um segundo, o silêncio bastou para dizer tudo.
— Filha… — murmurou, com a voz embargada.
Rose parou no meio do quarto. O coração apertou.
Aquela palavra — filha — soou mais pesada que qualquer medalha, mais quente que qualquer vitória.
Ela se aproximou, a voz baixa:
— Acabou, senhor Nascer. Ela caiu. Todos os dados foram salvos. Meu agente está fa