O hospital já não cheirava a medo.
Agora o ar tinha aroma de café morno, flores no corredor e aquele perfume leve de esperança que chega devagar, sem pedir licença.
Pedro estava de pé.
Trêmulo, apoiado nas muletas, mas de pé.
O fisioterapeuta contava o ritmo e o som do metal batendo no chão se misturava ao da respiração dele — firme, teimosa, viva.
Rose observava da porta, braços cruzados, o coração dividido entre orgulho e apreensão.
— Devagar, Pedro — pediu, sem conseguir esconder o sorriso. — Você não precisa provar nada pra ninguém.
Ele riu, ofegante. — Eu sei… mas me faz bem. Me lembra que ainda tô aqui.
A voz dela suavizou: — Você nunca deixou de estar.
O fisioterapeuta recuou um passo, avaliando. — Mais um, senhor Nascer, só mais um.
Pedro se esforçou, deu o passo final e, por um instante, ficou ali, parado — o corpo inteiro tremendo, mas ereto.
Rose o aplaudiu, e o som das palmas ecoou baixo, emocionado.
Antônio, encostado no batente, observava tudo.
O olhar cansado e orgulhos