O portão da Academia Kano rangeu quando Paulo o empurrou, revelando o salão amplo e cheio de ecos.
O chão de tatame gasto, as paredes cobertas por faixas antigas e o som ritmado de socos nos sacos de areia criavam uma sinfonia que Rose não sabia se conhecia… ou sonhava.
O ar ali tinha um cheiro próprio: suor, madeira e lembranças.
Ela parou no meio do corredor, sentindo algo apertar o peito.
— Eu… já estive aqui? — perguntou, a voz baixa, quase temendo a resposta.
Paulo sorriu com ternura.
— Todos os dias da sua vida, filha. — Ele ajeitou o quimono sobre o ombro. — Foi aqui que você aprendeu a cair e levantar.
Rose olhou em volta. As crianças treinavam sob o comando de um dos instrutores — socos curtos, gritos firmes, disciplina no olhar.
Quando uma delas caiu, as outras pararam. O pequeno garoto levantou com dificuldade, limpando o suor, e Rose deu um passo à frente sem pensar.
— Mantenha o equilíbrio nos pés — disse, antes de perceber o que estava fazendo.
O menino obedeceu, instint