O som das vozes veio antes da luz.
Suaves, antigas, como se o tempo sussurrasse orações de uma língua esquecida.
Rose abriu os olhos — se é que tinha olhos — e viu o que parecia um salão sem fim.
Não havia teto, nem paredes, mas o espaço era preenchido por claridade dourada, quente e calma, que parecia respirar junto com ela.
Do chão de névoa brotavam fileiras de luzes, como velas flutuantes.
Cada uma queimava devagar, pulsando no mesmo ritmo do coração dela — um coração que ainda insistia, mesmo à beira da morte.
Aos poucos, três figuras começaram a tomar forma.
Primeiro, a mais alta, de olhos serenos e cabelo preso num coque simples: Arlete, sua mãe.
Depois, uma mulher de olhar doce e presença firme — Elisa, aquela que Rose reconheceu das fotos antigas, a mãe de Pedro.
E por fim, um vulto de brilho avermelhado, o rosto suave e triste de Bárbara.
Rose cambaleou para frente, as lágrimas escorrendo como se a alma chorasse.
— Eu… eu conheço vocês…
> “Sabemos.” — respondeu Arlete, com um