O som veio antes da dor.
Um bip insistente, compassado, partindo o silêncio como uma gota em água parada.
Rose mexeu um dedo.
Depois outro.
O corpo pareceu feito de pedra — pesado, alheio, quase não respondia.
O ar entrou áspero nos pulmões, arranhando por dentro, como se respirar fosse algo que ela tivesse esquecido.
Abriu os olhos.
A claridade a feriu de imediato.
Luz branca. Teto branco. O som abafado de máquinas e passos.
Cheiro de éter, soro, limpeza exagerada.
Ela piscou, confusa.
Não sabia onde estava. Nem por quê.
Havia fios em seus braços e um curativo alto na testa.
Tentou levantar, mas o corpo não obedeceu.
— Calma, calma... — uma voz masculina, trêmula, veio da esquerda. — Fica quietinha, filha, por favor...
Rose virou o rosto.
Um homem grisalho a observava de perto, os olhos marejados, o rosto cansado.
Ele segurava sua mão com força demais, como se temesse que ela se desfizesse.
“Filha.”
A palavra soou estranha, como uma língua estrangeira.
— Quem é você? — perguntou, a v