A casa dormia em silêncio, mas Pedro não conseguia.
Estava na sala de treino há mais de uma hora, os punhos doloridos, o corpo coberto de suor. O som dos socos contra o saco de pancadas ecoava no espaço como uma batida de guerra.
Era isso ou encarar a própria cabeça — e, naquele momento, lutar contra algo físico parecia mais fácil do que enfrentar os fantasmas.
Desde a noite anterior, a lembrança insistia em voltar: ele acordando aos gritos, chamando por Bárbara, e Rose o segurando com firmeza, como se fosse o único ponto de equilíbrio no meio do caos.
O toque dela ainda queimava. O jeito como o acalmou, sem piedade, sem hesitação, sem promessas. Apenas presença.
Quando ouviu o ruído da porta, ele parou.
Rose estava ali. Regata escura, calça justa, cabelo preso em rabo alto. Carregava duas garrafas de água e o mesmo olhar que ele já não conseguia decifrar.
— Vai acabar se machucando se continuar batendo assim — disse, aproximando-se.
Pedro respirou fundo, tentando disfarçar o alívio q