À primeira vista, ninguém desconfiaria de Sophia.
Ela era o tipo de mulher que se movia com leveza, que sorria de um jeito ensaiado o bastante pra parecer espontâneo.
O tipo de mulher que sabia a força que o perfume certo e um olhar bem medido podiam ter.
Mas por dentro, tudo nela era cálculo.
Naquela manhã, a mansão Nascer estava silenciosa.
Rose treinava no pátio com a equipe de segurança, Pedro tinha saído cedo para uma reunião, e Sophia aproveitava o raro momento de solidão.
Estava no closet, sentada diante da penteadeira, penteando os cabelos lentamente enquanto o espelho devolvia a imagem de alguém que já não sabia mais onde terminava a aparência e começava a verdade.
— Você é perfeita — murmurou para o próprio reflexo, num tom quase infantil. — Ele só precisa lembrar disso.
O espelho devolveu o sorriso frio.
Um sorriso que ela odiava e amava na mesma medida.
Pegou o celular e abriu o perfil de Pedro.
A última foto dele — uma imagem em um evento beneficente, cercado de políticos