Mundo ficciónIniciar sesiónEm um dia completamente como qualquer outro, desperto após um pesadelo, me deparo sonolento e impotente pelo que me espera, o abandono pelos meus familiares, a sua traição e por fim , a destruição de todo o que alguma vez conhecerá todos os seres envoltos em terror e desespero peço regressar a aqueles dias em que uma vez fui um simples e normal adolescente.
Leer másO caos explodiu como uma ferida aberta.Os gritos não surgiram todos de uma vez — eles se sobrepuseram, criando uma massa disforme de vozes humanas rasgadas pelo medo. Crianças choravam de forma aguda, quase animal. Adultos gritavam nomes, chamavam por familiares, imploravam por respostas que ninguém possuía. Havia gente ajoelhada no chão, outros agarrados às laterais dos caminhões, como se o metal pudesse protegê-los daquilo que havia emergido da própria terra.O cheiro de sangue ainda pairava no ar, pesado, metálico, impossível de ignorar.Os militares ergueram as armas.— Acalmem-se! — gritavam, com vozes forçadas, carregadas de urgência e desespero mal contido. — Acalmem-se agora!Alguns disparos para o alto ecoaram, não para atacar, mas para impor controle. O som seco das armas cortou os gritos por instantes, criando brechas de silêncio cheias de tensão.— Peguem os seus pertences! — um soldado berrou, apontando com o braço. — Corram para a direita! Agora! Nós vamos protegê-los,
Dentro do caminhão, o ar parecia mais denso a cada metro percorrido.Não era apenas o calor — era como se algo invisível pressionasse os pulmões de todos, exigindo mais esforço a cada respiração. O espaço era estreito demais para tantas pessoas, mas ninguém reclamava. Ninguém se movia. Cada corpo permanecia rígido, tenso, como se qualquer gesto pudesse provocar algo irreversível.Haruki sentia o próprio coração bater contra as costelas com força excessiva, irregular. O som do motor vibrava pelo chão metálico, subindo pelas pernas, pela coluna, ecoando nos dentes. Ele tinha a impressão de que o caminhão não avançava apenas pela estrada, mas por algo mais profundo — como se estivesse atravessando um limite invisível.Ele levantou os olhos lentamente.À sua frente, o pai mantinha o olhar fixo no vazio. Os olhos estavam abertos demais, sem piscar, como se estivesse forçando a si mesmo a permanecer consciente. As mãos dele, grandes e normalmente firmes, tremiam levemente sobre os joelhos.
Haruki permanecia imóvel, com os olhos fixos no chão do parque, como se o mundo inteiro estivesse suspenso sobre aquelas pedras irregulares. O burburinho ao redor era constante — vozes sobrepostas, passos apressados, crianças chorando, ordens militares ecoando em tons curtos e firmes — mas, dentro dele, tudo era um ruído distante, amortecido por uma pressão invisível no peito.Ele respirava, mas sentia como se o ar não entrasse por completo.O violino pesava-lhe no ombro.As mochilas pareciam puxá-lo para o chão.E então…— Haruki…A voz cortou o ambiente como uma lâmina fina.Não foi alta.Não foi acompanhada de grito.Mas atravessou tudo.O corpo dele reagiu antes da mente. Um calafrio subiu-lhe pelas costas, e o coração falhou uma batida inteira antes de disparar descontrolado. Ele ergueu lentamente os olhos, como se temesse que, se se virasse rápido demais, aquilo desaparecesse como uma alucinação.— Haruki…Dessa vez, com mais urgência.Ele virou-se.E ali estavam eles.A mãe vin
Haruki despertou antes do amanhecer, o coração acelerado como se estivesse a correr uma maratona que nunca começara de fato. A sensação era a mesma de sempre, aquele mesmo aperto sufocante nos últimos dias — mas naquela manhã, algo era diferente. Era como se o ar ao seu redor estivesse mais pesado, mais denso, quase consciente. Ele inspirou profundamente, mas nada parecia preencher seus pulmões. O medo que vinha tentando esconder finalmente se infiltrara por completo.Ficou alguns segundos deitado, apenas ouvindo a sua própria respiração irregular. Depois, sem coragem para permanecer mais um minuto ali, ergueu-se da cama. O chão gelado tocou-lhe os pés, e Haruki estremecia mais pelo nervosismo do que pela temperatura.Caminhou até o banheiro com passos automáticos. Ao acender a luz, piscou quando a claridade atingiu seus olhos cansados. Despiu-se lentamente, como se cada movimento fosse parte de um ritual de despedida. Entrou no chuveiro e deixou que a água quente caísse sobre o seu c
Haruki despertou com um susto.Um barulho forte ecoou do lado de fora, seguido por gritos, vozes misturadas, choros e passos apressados pelo corredor do prédio. Ele arregalou os olhos e levantou de imediato, o coração batendo tão rápido que sentiu a pulsação no pescoço.Por um instante ficou parado no quarto, tentando entender se era um sonho.Mas não era.O som era real.Vozes reais.Desespero real.A inquietude que o acompanhava desde antes da evacuação reacendeu com força total, como se soubesse que algo grave estava prestes a acontecer.Ele deixou o quarto às pressas, ainda com a roupa de dormir, e caminhou até a porta da frente. Mal conseguiu colocar a mão na maçaneta — porque os sons do lado de fora se tornaram mais claros:Choros.Pessoas se abraçando.Portas batendo.Malas arrastadas.E frases partidas, de vozes trêmulas:— “Eu te amo… tudo vai ficar bem…”— “Nos vemos amanhã… eu prometo…”— “Não chora, mamãe… é só um teste…”— “Se cuidem, por favor… por favor…”O coração de H
O primeiro dia começou com um silêncio estranho.Quando Haruki abriu os olhos, por um segundo achou que ainda fosse madrugada: a luz que entrava pela janela era fraca, filtrada por nuvens densas, e o ar estava parado, pesado. Só quando olhou o relógio percebeu que já passava das nove da manhã.Dormira mal.Seu corpo parecia cansado demais para um simples sono inquieto.A cabeça latejava, como se tivesse passado horas lutando contra pensamentos que nem ele mesmo conseguia organizar.Levantou-se devagar, ainda sentindo aquela inquietude que não o deixava desde o dia anterior. Foi até a cozinha, preparou um café simples — pão, manteiga, um pouco de chá quente — mas mal sentiu o gosto. O silêncio do apartamento o deixava desconfortável. Era como se até os móveis estivessem tensos.Tentando se distrair, ele levou a xícara para a sala e ligou a televisão na emissora de notícias.O repórter falava com uma expressão que tentava parecer confiante, mas os olhos denunciavam preocupação real.— “
Último capítulo