O caos explodiu como uma ferida aberta.
Os gritos não surgiram todos de uma vez — eles se sobrepuseram, criando uma massa disforme de vozes humanas rasgadas pelo medo. Crianças choravam de forma aguda, quase animal. Adultos gritavam nomes, chamavam por familiares, imploravam por respostas que ninguém possuía. Havia gente ajoelhada no chão, outros agarrados às laterais dos caminhões, como se o metal pudesse protegê-los daquilo que havia emergido da própria terra.
O cheiro de sangue ainda pairava no ar, pesado, metálico, impossível de ignorar.
Os militares ergueram as armas.
— Acalmem-se! — gritavam, com vozes forçadas, carregadas de urgência e desespero mal contido. — Acalmem-se agora!
Alguns disparos para o alto ecoaram, não para atacar, mas para impor controle. O som seco das armas cortou os gritos por instantes, criando brechas de silêncio cheias de tensão.
— Peguem os seus pertences! — um soldado berrou, apontando com o braço. — Corram para a direita! Agora! Nós vamos protegê-los,