O despertador tocava às seis da manhã. Haruki abria os olhos com calma, sem pressa, como se cada dia fosse um presente ainda embrulhado que ele teria de descobrir. O quarto, agora seu, era pequeno mas carregado de uma paz que nunca conhecera antes: paredes claras, cortinas leves que deixavam a luz entrar, uma estante com livros e cadernos de música, e, na mesa ao lado da cama, o violino que ele voltara a tocar depois de tantos anos.
A primeira coisa que fazia era preparar o café da manhã. O cheiro do arroz recém-cozido e da sopa de miso invadia o apartamento. Ele colocava a chaleira no fogo, ouvia o apito suave e servia o chá verde em sua caneca preferida — simples, azul, que havia comprado com o primeiro salário. Era um ritual pequeno, mas que lhe trazia uma sensação de estabilidade.
Sentava-se à mesa sozinho, mas não se sentia solitário. Pela janela aberta, via a cidade acordando: os vizinhos saindo apressados, bicicletas passando, o canto dos pássaros misturado ao som distante d