O primeiro dia começou com um silêncio estranho.
Quando Haruki abriu os olhos, por um segundo achou que ainda fosse madrugada: a luz que entrava pela janela era fraca, filtrada por nuvens densas, e o ar estava parado, pesado. Só quando olhou o relógio percebeu que já passava das nove da manhã.
Dormira mal.
Seu corpo parecia cansado demais para um simples sono inquieto.
A cabeça latejava, como se tivesse passado horas lutando contra pensamentos que nem ele mesmo conseguia organizar.
Levantou-se devagar, ainda sentindo aquela inquietude que não o deixava desde o dia anterior. Foi até a cozinha, preparou um café simples — pão, manteiga, um pouco de chá quente — mas mal sentiu o gosto. O silêncio do apartamento o deixava desconfortável. Era como se até os móveis estivessem tensos.
Tentando se distrair, ele levou a xícara para a sala e ligou a televisão na emissora de notícias.
O repórter falava com uma expressão que tentava parecer confiante, mas os olhos denunciavam preocupação real.
— “