Dentro do caminhão, o ar parecia mais denso a cada metro percorrido.
Não era apenas o calor — era como se algo invisível pressionasse os pulmões de todos, exigindo mais esforço a cada respiração. O espaço era estreito demais para tantas pessoas, mas ninguém reclamava. Ninguém se movia. Cada corpo permanecia rígido, tenso, como se qualquer gesto pudesse provocar algo irreversível.
Haruki sentia o próprio coração bater contra as costelas com força excessiva, irregular. O som do motor vibrava pelo chão metálico, subindo pelas pernas, pela coluna, ecoando nos dentes. Ele tinha a impressão de que o caminhão não avançava apenas pela estrada, mas por algo mais profundo — como se estivesse atravessando um limite invisível.
Ele levantou os olhos lentamente.
À sua frente, o pai mantinha o olhar fixo no vazio. Os olhos estavam abertos demais, sem piscar, como se estivesse forçando a si mesmo a permanecer consciente. As mãos dele, grandes e normalmente firmes, tremiam levemente sobre os joelhos.