O dia começou mais claro. Não havia sol pleno, mas o céu trazia uma tonalidade menos severa, como se o inverno estivesse, aos poucos, abrindo espaço para algo novo. No chalé, Madeleine trabalhava no laptop, revisando detalhes de iluminação e ventilação para os espaços comuns do hotel. A planta aberta do projeto ocupava a tela, linhas e medidas perfeitamente organizadas.
Mas os olhos dela não estavam fixos no trabalho. A cada poucos minutos, se desviavam para a janela. Lá fora, um canto do gramado em frente à varanda mostrava um tom mais escuro: a neve estava cedendo, revelando a terra encharcada por baixo. Pequenos pontos marrons, quase insignificantes, mas que, para ela, pareciam um anúncio silencioso de mudança.
Fechou os olhos por um instante, e a imagem veio sem esforço: Beatrice, aos dois anos, correndo pelo parque perto de casa em Londres, o casaco rosa abrindo com o vento e a grama molhada grudando nas meias. A risada dela cortava o ar como uma música que só podia existir naque