O porto de Tromsø estava diferente naquela manhã. Talvez fosse a luz mais limpa, talvez fosse o movimento constante de homens e mulheres carregando caixas, vozes se cruzando, o som grave das cordas e correntes. Madeleine ajeitou o cachecol no pescoço e olhou para Anders, que andava ao seu lado com a naturalidade de quem sabia exatamente onde pisar.
— Descarregamento de hoje vai ser longo — ele disse, com um meio sorriso. — Tivemos sorte na pescaria.
Ela assentiu, sentindo o cheiro forte de sal e peixe misturado ao frio. Não era um aroma desagradável, mas real, impregnado de trabalho e mar.
Os barcos chegavam um a um, encostando no cais com estalos de madeira contra madeira. Havia algo quase coreografado na forma como os tripulantes saltavam para a plataforma, prendiam cordas, começavam a descarregar. Madeleine se encostou num poste de ferro, observando cada movimento. Os gestos eram seguros, repetidos tantas vezes que pareciam dançar no ar gelado.
“Isso poderia virar uma série fotográ