(Rafael)
Ver meu irmão daquele jeito... era como assistir a um prédio de aço desmoronando em câmera lenta. Oscar, meu irmão mais velho, o inabalável, o intocável, estava reduzido a um homem quebrado, afogando a dor em uísque. O homem que sempre foi cheio de confiança, que sempre tinha uma solução para tudo, que enfrentava nosso pai de cabeça erguida, agora estava ali, vulnerável, as lágrimas escorrendo por um rosto que eu só via expressar determinação ou, no máximo, irritação. A dor que emanava dele era tão palpável que me sufocava.
— Deixe-o beber...
A voz de Gabriel me tirou dos meus pensamentos. Ele estava encostado na parede, os braços cruzados, a expressão sombria. Continuei olhando para Oscar, que agora chorava silenciosamente.
— Eu nunca o vi assim — sussurrei, mais para mim mesmo do que para Gabriel. — Nem quando nossa mãe faleceu.
— Nem eu... — concordou ele, a voz baixa. — Mas o melhor é deixá-lo beber, ao menos por hoje. Não vamos chateá-lo mais.
— Certo..