Mundo ficciónIniciar sesiónKIEZA JONES
Roman Makhailov é um gênio, ou perto disso. Se formou muito mais cedo e aos 26 anos já é CEO de uma das maiores empresas de biotecnologia dos EUA, com certeza o seu nome é marcante. Talvez eu tenha de admitir que o meu desgosto por ele, tem uma pitada de inveja. Eu estou me formando em Artes, realizo atividades extracurriculares, trabalho numa pastelaria em turnos e nos tempos livres sou retratista. — Vai participar da festa, hoje? — Odeio silêncio com ele, estar sozinha com ele. Vivemos nos mesmos ambientes, mas não nos conhecemos. — Sim. Não falo mais nada e vago na minha própria mente, talvez eu deva me ocupar mais ficando no ateliê, essas situações costumam ser inspiradoras. Me recosto no banco e estremeço pela humidade que absorvi, passo o olhar pelo meu corpo e logo me encolho. Droga! Tudo desenhando no meu corpo. Eu tenho de passar de casa para me trocar, evitar a chance de Kai me matar pela falta de “auto-preservação” como ele gosta de dizer. — Roman... — Viro-me para ele com um sorriso. — Precisamos fazer um desvio para o meu apartamento. — Não. Já estamos atrasados. — Roman faz um desvio na estrada. Respiro fundo e abro mais o sorriso, mas tornando-o sarcástico. — Tenho certeza que você não quer que eu apareça nesse estado, ao teu lado na festa do meu irmão que até onde sei é o seu melhor amigo. Deslizo a mão diante do meu corpo e ele desvia o olhar para mim, não dura muito, mas vejo seu olhar escurecer e ficar sombrio. Os dedos de Roman se curvaram ao redor do volante, estranhamente não sei o que acontece com minha mente, porque a primeira coisa que percebo é que eles são lindos. Gosto da forma como se curvam. Argh, apesar de ele ser um idiota, tenho de admitir que quase tudo nele era lindo, ou parecia. Os olhos cinza-prateado, brilhavam sob as sobrancelhas escuras o tom ficando cada vez mais escuro devido a iluminação, parecia o céu de uma tempestade. O queixo acentuado conferia-lhe certa confiança e as maçãs proeminentes contribuíam, de forma elegante; O cabelo preto é denso e costuma estar perfeitamente penteado, mas neste momento está desgrenhado e sexy. Ele parece uma estátua grega que ganhara vida. Bem que ele podia parar de parecer tão perfeito, para condizer com a sua idiotice. É bastante irritante porque me deixa intrigada e tenho de admitir um facto bom sobre ele. Roman passa uma mão na cabeça. — Vamos logo. Oh, graças a Deus que ele não fez uma ceninha. Não me imaginava tendo que implorar. Ou deixaria quieto para ele levar uma surra com Kai. Quando chegamos ao meu prédio, solto o cinto de segurança e praticamente me preparo para correr, mas já estando na metade do caminho para fora do carro, Roman agarra meu braço e me puxa de volta para o meu assento. Ao contrário do que eu esperava, seu toque não é gélido, na verdade era bem quente — obviamente — mas parecia queimar minha pele de forma bem intensa. Eu engulo em seco. Sentido um tremor que contrariava o calor de sua mão. — O quê? Eu preciso me apressar ou então vamos nos atrasar. — Você não pode sair assim. — Seu rosto estava fechado e emburrado. — Assim como? — Eu pergunto, confusa. Estou de um vestido pouco acima dos joelhos, é rodado, justo apenas na parte superior, mas nada escandaloso, excepto para aparecer numa festa. Roman inclina a cabeça em direção ao meu peito. Eu olho para baixo e droga. Eu sabia que estava desenhando algo, mas agora meus mamilos estão extremamente duros e pontiagudos, quase saltando do vestido azul bebé. O sutiã preto está visível, mas é daqueles leves feitos de tule e alguma renda pela estética. Cruzo meus braços sobre o peito e me encolho. Meu rosto em chamas da mesma cor do meu sutiã. — Irei a correr e ninguém vai reparar. — Claro que vão. — responde prontamente — Tenho certeza que até a sua calcinha está visível. Droga. Sinto meu rosto em chamas — Impossível, meu vestido não é justo em baixo. — Ainda assim, você não vai andar por aí desta forma. — Diz entredentes e não entendo o porquê seus olhos parecem exalar certa raiva. Euexalo uma respiração — Tudo bem. Você pode me emprestar sua jaqueta? Não quero perder meu tempo ouvindo seu sermão, até porque você parece o único que está me olhando com cobiça. Os olhos de Roman se estreitam para mim. Bem o acusei de me cobiçar, deve ser este o momento em que sentirei sua real ira. — Eu não estava te cobiçando. — Diz, sua voz tão gélida que poderia transformar as gotas persistentes de humidade na minha pele em pingentes de gelo. — Você não faz o meu tipo, mesmo se não fosse a irmã de meu amigo. Ai! Me sinto insultada. — Caramba! Valeu. — Eu também não estou interessada nele, mas nenhuma garota gosta de ser dispensada tão facilmente por um homem. — O quê? — Nada, não. Então dá logo a jaqueta. Um músculo pulsa em sua mandíbula e então se dobra para o banco de trás e pega algo, um sobretudo e um guarda-chuva de baixo de seu assento. Em silêncio, visto e saio as pressas, uso o guarda-chuva mesmo que aqui não esteja chovendo tanto. Respiro fundo já no meu apartamento, no décimo andar, não ganho tempo de ainda pensar ou algo do tipo, recebo uma mensagem de Rue perguntando sobre a minha localização. Então, rapidamente seco meu cabelo e me limpo, sem muito tempo para tomar um banho, coloco outro vestido, mas um pouco mais grosso e calço uma sapatilha, para terminar pego uma camisola longa e meus pertences. Em menos de quinze minutos estou a entrar no carro de novo. Roman sequer olha para mim, apenas dá start no carro e sai da vaga de ré sem piscar. — Eu acho que você devia sorrir mais, ou então vai morrer aos 35 anos. — Quebro o silêncio — Ser amargurado e gelo a vida toda, não é lá muito legal. — Nunca quis ser legal — Roman parece entediado. — Ser idiota deve ser mesmo a sua condição. — Murmuro. — Deixe disso. Por que você estava tão longe de casa? — Roman ignora o que eu disse. Reviro os olhos e bufo, mas respondo — Fiz uma pequena visita em uma galeria daquele lado, eu estava com uns amigos e… — Você estava com amigos e tais amigos te deixaram para trás? — Sua voz sai como um rosnado. — Não é bem assim, durante a visita, falamos dos meus quadros e… — Poupe-me dos detalhes. Eu não me importo. Calo-me boquiaberta. Ele é um babaca, estou apenas fazendo a gentileza de responder as suas questões. — Então, por que você está aqui? Não é coisa de quem não se importa. — A sua ligação serviu como alarme para que eu acordasse, e infelizmente você é a irmã mais nova de Kai. Se acontecesse algo com a sua vidinha, ele se tornaria insuportável. — Roman estaciona o carro na frente da casa dos pais de Rue, eles foram gentis e liberaram para a realização da festa, uma vez que é enorme. Já vejo movimento das pessoas, e como já está escuro, dá para ver algumas luzes. Penso nas suas palavras e reflito se devo demonstrar as boas maneiras que recebi e agradecer, ou devolver a grosseria. — Obrigada pela carona. Eu saio do carro suspirando como se as palavras trocadas tivessem me desgastado. Como disse, nessa área da Cidade não estava chovendo tanto, mas dá para sentir o cheiro de terra húmida. Eu iria tomar banho, me trocar e pegar a última metade da festa de Kai e Rue. Com sorte, ele não me daria merda por ficar presa ou atrasar porque eu não estava com humor. Eu troco frases desagradáveis com Roman, mas normalmente não fico muito tempo chateada e no dia seguinte tento novamente acessar-lo. Hoje foi um desses dias, mas sinto que não quero mais me aproximar dele, é tão irritante ele ser “antissocial” ou “anti-Kieza”, porque às vezes fica parecendo que a condição dele piora comigo, como se não pudesse me suportar um minuto sequer. Ele era tão frio e arrogante, tão irritante. Pelo menos eu não tive que lidar com ele frequentemente. Roman ficava sempre no seu lado da cidade e no trabalho, e apesar de eu e Kai quase morarmos juntos (vizinhos de apartamento), os encontros deles aconteciam na maioria das vezes longe de mim ou o irritante aparecia em convívios no último instante. Eu ficaria louca se tivesse de o ver mais vezes apenas por ser o melhor amigo do meu irmão, embora com o casamento, tenhamos sido obrigados a conviver mais.






