Órfã e sozinha no mundo, Ava jamais imaginou que a única parente viva a venderia como mercadoria em um leilão comandado por uma máfia cruel. Theo é um CEO poderoso, arrogante e emocionalmente destruído pela traição da primeira esposa. Um homem marcado por mágoas, que trocou o coração pela razão e o amor pelo controle. Convidado para um evento exclusivo, ele descobre tarde demais que está em meio a um leilão de mulheres. Mas ao cruzar os olhos com ela, o desejo é instantâneo, quase selvagem. Ele a arremata por milhões de dólares. O que começa como posse e prazer, vira cumplicidade, paixão e um amor capaz de quebrar barreiras, curar feridas e desafiar até o mais sombrio dos passados. Porque o amor, às vezes, nasce nos lugares mais improváveis e tem um preço. Qual o preço de desejo?
Leer másAva Narrando
Eu nunca imaginei que a minha vida terminaria assim. Porque sim, de certa forma, ela terminou. A garota que eu fui, a garota que sonhava, acreditava em amor e tinha fé no amanhã, morreu. Estou sentada em frente a um espelho gigante, num camarim tão luxuoso quanto uma jaula dourada. Os olhos estão inchados de tanto chorar, mas ainda assim sou obrigada a parecer perfeita. Pele impecável. Cabelo ondulado, penteado com spray caro. Vestido preto colado rodado, decotado e com fenda na coxa. Eu pareço uma mulher. Mas me sinto uma criança assustada. Seguro a máscara preta que vou usar no rosto. Ridícula. Uma tentativa patética de fingir que isso não é o que é: um leilão de carne. Eu sou a Virgem da Noite. Eles usam esse nome bonito pra disfarçar a podridão. Virgem. Porque sim, nunca estive com homem nenhum. Nunca beijei alguém, nunca fui tocada. E essa é a minha “joia”, o motivo de estarem dispostos a pagar dinheiro por mim. Nojento. Lembro dos meus pais. O sorriso da minha mãe quando me deixava com a babá e dizia que me amava. O cheiro de tinta e tecido do meu pai, que adorava me ensinar a cortar retalhos na loja. Eles não eram ricos, mas me deram tudo. Amor, dignidade, segurança. Até aquele dia maldito. Eles estavam indo comemorar mais um aniversário de casamento. Me beijaram na testa antes de sair. “Voltamos domingo, princesa.” Domingo nunca chegou. O avião caiu. E com ele, minha vida. Fui de órfã a mercadoria em menos de uma década. Aos nove anos, perdi tudo. Fui passada de parente em parente. Sofri abuso psicológico. Fome. Medo. Aos dezoito, estava sozinha no mundo. Trabalhando como atendente numa lanchonete, dormindo num quartinho alugado onde o mofo era meu único companheiro. Até que ele apareceu. E quando eu digo "ele", não estou falando do homem que vai me comprar esta noite. Estou falando do demônio disfarçado de empresário carismático. O homem que me prometeu uma chance, um emprego melhor, uma nova vida. E tudo o que eu precisei fazer foi assinar um contrato. Um maldito contrato, e tudo isso foi Orquestrado pela minha tia. Aquela desgraçada, que acabou com tudo que os meus pais construíram. — Você vai participar de um evento exclusivo, Ava. Nada ilegal. Apenas presença. Luxo. Segurança. Você merece viver bem. Mentiroso. Canalha. Ela me vendeu. Literalmente. Descobri tarde demais que o contrato dizia que, ao aceitar participar do leilão, eu me comprometia a entregar meu corpo àquele que desse o maior lance. Sem volta. Sem saída. Sem escolha. Alguém b**e à porta. — Cinco minutos, Ava. Respiro fundo. Não há mais lágrimas. Já chorei todas. Agora só existe esse vazio que me engole por dentro. Levanto, ainda com a máscara na mão. Encaro meu reflexo uma última vez. — Você consegue — minto para mim mesma. O salão está cheio. Homens de terno, máscaras elegantes. Alguns fumam charutos. Outros bebem whisky como se estivessem num clube exclusivo. Mas todos têm algo em comum: os olhos. Olhos famintos. Eles me olham como se eu fosse um pedaço de carne fresca. Um prêmio. Um capricho caro. Sou guiada até o palco por uma mulher que provavelmente já passou por isso. Ela não sorri. Seus olhos são tão mortos quanto os meus. Subo os degraus com os joelhos tremendo. A luz me cega por um segundo. Silêncio. A máscara cobre metade do meu rosto, mas não me protege de nada. Não me impede de ver os números subindo. Quinhentos mil. Oitocentos. Um milhão. Um milhão e meio. — Dois milhões. — Dois milhões e quinhentos. — Três milhões. Sinto náusea. Quero correr. Me esconder. Me jogar de um prédio. Qualquer coisa. Mas fico parada. Porque se eu me mexer, eles descontam. Se eu fugir, eu morro. — Quatro milhões — Fala um homem, baixo de cabelos grisalhos. — Cinco Milhões. Silêncio. Um novo silêncio. Um silêncio diferente. O tipo de silêncio que pesa no ar. — Cinco milhões de dólares, senhores — A voz do apresentador ecoa no microfone — Pela Virgem da Noite. Arrematada. Lote encerrado. Um aplauso contido. Não é celebração. É posse. E eu sou o prêmio. Sou levada pelos bastidores, para outro corredor, outra porta. Atrás dela, está ele. O homem que me comprou. Não sei quem ele é. Só ouvi sussurros entre os outros: É um CEO poderoso, arrogante, bilionário. Perfeito. Um monstro rico, arrogante e impiedoso. É pra ele que vou sorrir, tirar a roupa e fingir que não estou despedaçando por dentro. A porta se abre. Por um instante, meus olhos encontram os dele. E é ali que minha alma se parte de vez. Ele está encostado numa poltrona de couro, taça na mão, terno impecável. Um homem bonito demais pra ser real, mas com um olhar que congela qualquer coisa viva. — Bem-vinda à sua nova vida, Ava — Sua voz é baixa, mas cortante — Você é minha agora. Meus joelhos quase cedem. Meu coração dispara num pânico absoluto. Mas eu não reajo. A menina que sonhava já morreu. E a mulher que ficou Vai fazer o que for preciso pra sobreviver.Théo Narrando Acordei antes do despertador. Meu corpo já se acostumou a levantar às cinco e meia em ponto. Ainda deitado, peguei o celular e conferi os relatórios que chegaram durante a madrugada. Petróleo em alta. De novo. Sorri de canto. Levantei, caminhei até o banheiro e tomei um banho gelado. Gosto da sensação de controle. Me visto sempre do mesmo jeito: camisa social branca impecável, abotoada até o colarinho, calça de alfaiataria escura, relógio importado no pulso. Imagem é tudo.Desço, tomo um café preto e forte. Sem açúcar. Do jeito que tem que ser. Entro no meu carro, o motorista já está com o motor ligado. No caminho, respondo e-mails, faço duas ligações para Londres e marco uma call com Houston. Quando a gente lidera uma das maiores empresas de petróleo do mundo, não tem hora pra nada.Chego no prédio da empresa e o segurança já abre o portão na hora que vê o carro. Cumprimento com um leve aceno de cabeça. Subo direto para minha sala. O andar inteiro é meu. Porta automáti
Ava Narrando Acordei com alguém me sacudindo com força.— Acorda. Vamos. — a voz era firme, seca.Abri os olhos devagar, com o corpo dolorido, a mente confusa. Ainda estava no chão frio daquele lugar infernal. Quando foquei a visão, vi uma mulher em pé diante de mim. Rosto impassível, uniforme preto, postura rígida. Ela não parecia uma das prisioneiras. Era uma delas. Uma das que mandavam.— Levanta. — repetiu, impaciente.Me ergui devagar, com os músculos rígidos. As pernas tremiam e a cabeça latejava. Ela nem esperou eu me recompor. Saiu andando, e eu fui atrás, muda, submissa, com medo de receber algum golpe se hesitasse.Caminhamos por um corredor estreito. Ela abriu uma porta de ferro e atravessamos para o outro lado da casa. Tudo ali era ligeiramente mais limpo. As paredes não estavam manchadas, o chão tinha cerâmica, e o cheiro de mofo tinha sido substituído por um perfume barato, mas suportável.Me entregaram uma muda de roupa: lingerie preta simples, uma calça legging, camis
Ava Narrando Eu me debatia como podia. Minhas pernas chutavam o ar, meus braços tentavam se soltar daquele aperto bruto, mas o homem que me segurava era forte demais. Gritei, esperneei, tentei arranhar, morder, implorar, tudo ao mesmo tempo, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas e ódio. Minha tia, a desgraçada, assistia tudo com um sorrisinho cínico no rosto. E ainda teve a audácia de acenar pra mim, como se eu estivesse indo de férias.Nunca fui agressiva, sempre agi com calma, mais confesso que minha vontade era bater nela, até ela perder a consciência. Essa desgraçada é capaz de fazer tudo por dinheiro, não quero nem imaginar o que fez dessa vez, me colocando como sua garantia.— SUA VADIA — eu gritei, tentando avançar nela — VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO.Mas eu não consegui nem dar um passo. O brutamonte segurou meus ombros e puxou meu cabelo com tanta força que gritei de dor. E foi aí que senti uma picada rápida, fria, no meu pescoço.Tudo ao meu redor começou a rodar.Minha vis
Ava Narrando Hoje eu fui trabalhar diferente. Com um sorriso no rosto, como o senhor Beckman sempre pede. Ele não precisou me lembrar uma única vez. Pela primeira vez em meses, eu estava animada. E não era por causa do balcão cheio, nem pelos clientes folgados que me tratam como se eu fosse invisível. Eu sorria porque sabia que, às quatro da tarde, quando meu turno terminasse, eu teria algo meu esperando do lado de fora. Uma oportunidade.Olhei o relógio incontáveis vezes. Cada vez que o ponteiro andava, meu coração acelerava. Quando finalmente deu quatro horas, eu tirei o avental como quem se livra de uma armadura pesada. Me despedi da equipe da cozinha com um aceno breve e segui direto para minha quitinete. Tinha pressa. Entrei, tirei a roupa ainda pela porta, fui direto para o banho. Água quente, sabonete de lavanda. Lavei o corpo como quem se prepara para algo novo. Escolhi minha melhor roupa — nada muito chamativo, mas elegante, prendi o cabelo num coque solto e passei um pouco
Ava NarrandoAcordo todos os dias antes do amanhecer. Às cinco e meia da manhã, o despertador já soa alto, interrompendo qualquer possibilidade de descanso extra. Não há tempo a perder. Levanto rapidamente, vou direto ao banheiro, lavo o rosto com água fria para espantar o sono e prendo os cabelos em um coque alto. Café da manhã? Apenas se houver tempo, o que, hoje, não houve. Peguei uma banana, coloquei na bolsa e saí apressada.Chego na lanchonete exatamente às sete horas. Cumprimento a equipe da cozinha com um breve “bom dia”, pego o avental e o visto com agilidade. Nem bem termino de ajustá-lo na cintura, ouço a primeira recomendação:— Ava, por favor, lembre-se de sorrir mais hoje. O cliente repara nesses detalhes.É o senhor Beckman, o gerente. Um homem exigente que preza, acima de tudo, pela satisfação do cliente. Mesmo quando esse cliente é grosseiro ou inconveniente, ele insiste que devemos manter a cordialidade e a simpatia. Segundo suas palavras, “o cliente tem sempre razão
Théo Narrando Meu nome é Theodoro Sullivan. Mas me chamam de Théo. Tenho vinte e nove anos e sou CEO da Sullivan Energy Corp, uma das maiores empresas de petróleo dos Estados Unidos. Não herdei nada. Nenhum centavo. Nenhum sobrenome de prestígio. O que construí veio de sangue, suor e da fúria que carreguei no peito desde a infância.Cresci no inferno. Meu pai era um verme viciado em crack. Um monstro que achava que bater era forma de impor respeito. Minha mãe apanhava calada, tentando proteger a mim e meu irmão, Dylan. Eu era só uma criança, mas já sabia o que era sentir ódio. Não o tipo banal que as pessoas usam quando reclamam do trânsito ou do tempo. Falo de um rancor corrosivo, que destrói tudo por dentro e empurra você pra frente como um combustível instável.A gente vivia num barraco de merda, cercado por dívidas, gritos e ameaças. Até que um dia os agiotas bateram na porta. Não era pra cobrar. Vieram pra matar. E mataram. Meu pai morreu no chão da sala, ensanguentado, com os o
Último capítulo