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ROMAN MIKHAILOV

— Oi, Roman. — Uma morena de rosto não tão estranho se aproxima — Não sabia que você estava aqui. Quer dançar?

Eu estava sentado em uma poltrona isolada, bebendo um whisky. Então olho para ela com claro desinteresse, mas a moça parece não se tocar e me olha esperançosa que eu a reconheça.

— Ah, não, obrigado. Estou bem aqui. A moça se aproxima de forma sensual e como se quisesse me deixar encurralado, insistiu, tocando levemente no meu braço.

— Vamos lá, é só uma dança. Prometo que vai ser divertido. — Insiste, o olhar implorando para que a reconhecesse e logo cedesse.

Me mantenho erecto afastando-a educadamente, embora o meu olhar agora recaia sério e impaciente sobre ela, que certamente não pode lidar com o meu tipo de interesse. Eu giro o gelo em meu copo de whisky e desvio meu olhar para Kai. Ela segue o meu olhar em direção a Kai, que está batendo um talher na taça, para chamar a atenção de todos:

— Ei, pessoal! Posso ter a atenção de vocês por um minuto? — Subiu em uma cadeira no centro da sala, improvisando como palco.

Todos se aproximam para prestar atenção no provável discurso e eu também, um pouco.

Do canto de olho percebo a garota dando um sorriso forçado e se afastar. Bom que tenha percebido que não conseguirá chamar a minha atenção, pelo menos não da forma que deseja.

— Boa noite, pessoal! Se eu puder ter a atenção de todos por um momento, gostaria de fazer um breve discurso. — Os convidados uivam em uníssono, demonstrando animação, mas logo se calam dando-o espaço — Primeiramente, quero agradecer a todos por estarem aqui para celebrar este momento especial comigo e com Rue. Vocês são parte importante das nossas vidas, e não poderíamos estar mais felizes em compartilhar essa noite com vocês.

Rue sorri se aproximando mais de Kai, que desce para abraça-la.

— É verdade, estamos muito gratos por todo o amor e apoio de vocês. Essa é a despedida de solteiro, mas o início de algo lindo.

Todos aplaudem ainda mais animados e Kai interrompe. — E, claro, um agradecimento especial aos padrinhos, minha irmã e meu amigo, por aceitarem deixar a indiferença e o ódio de lado por nós, Kieza e o Roman.

Então as atenções vêm para nós. Não evito, procuro Kieza com o olhar e a acho ao lado de duas amigas, discretamente limpando uma lágrima e logo gritando em animação.

Todos voltam a sua atenção para o que quer que estivessem fazendo. Rue e Kai se afastam provavelmente indo ficar de namoricos.

Meu olhar volta para Kieza. A irmã mais nova de Kai. É doce na mesma medida em que pode ser petulante. Tem vezes que eu espero que flores brotem debaixo dos seus pés e a façam flutuar, mas noutras eu espero que o chão rache e sai magma. Já envolvida na conversa com suas amigas, percebo seu rosto brilhando de animação enquanto ri de algo que uma delas disse. A Conhecendo, sei que sua risada é real.

O pouco tempo que ela passa comigo, é sempre um silêncio criado por mim, ou uma troca de farpas quando ela tenta me aceder ou alguma coisa relacionada com criar ambiente amigável. Pobre garota. Esses momentos me fazem pensar no quanto ela é ingénua, em achar que todo mundo tem um lado bom e cor-de-rosa, que com sua simpatia pode a tornar amiga de todos e tais pessoas retribuírem da mesma forma. O mundo a irá comer viva assim que tiver a oportunidade.

Hoje é o dia do casamento de Kai e Rue. Eu já estou pronto e só aguardo o noivo terminar para sairmos, até porque não temos muito tempo. A cerimónia é aqui mesmo em casa, não faz sentido haver atrasos.

— Desde que te conheci, esta parece a primeira vez que você está de facto formal. — Digo numa tentativa de dissipar o nervosismo nele.

Kai que estava ajustando, diante do espelho, pela milésima vez a sua gravata ri nervoso.

— Eu pareço um pinguim.

— Realmente parece um pinguim — concordo com a observação — Mas um pinguim elegante.

Não queria entrar nesse assunto todo emocionante, mas o irmão que nunca tive está casando. Kai sempre foi charmoso. Enquanto eu colocava as pessoas no limite, ele as deixava à vontade, a sua abordagem era sempre receptiva. Eu estou genuinamente feliz que ele esteja realizando seu sonho de ter a sua família, o facto de ele estar me incluindo nela, também significa muito para mim.

— Relaxa, cara. — Seguro o ombro dele, por trás — Vai dar certo. A Rue não vai fugir, ela te ama.

Ele respira fundo e acena.

— Obrigado por estar comigo, cara. — Kai se afasta um pouco e se vira para mim. — E aliás, eu preciso falar sobre algo.

— Não me diga que você já quer se declarar para mim, cara. — Ergo a sobrancelha.

— Foda-se, cara. — Ele ri, relaxando mais a postura. — Eu te amo, mas isso é demais. Não, isso é sobre Kieza. Reviro os olhos por estar feito, embora com um mínimo sorriso. Entretanto, fico mais sério com o esclarecimento do assunto.

— O que tem ela? — Kai e sua irmã se davam bem, as vezes brigavam, mas é o normal em qualquer relação, principalmente na de irmãos. Às vezes o invejava, não ter irmãos é um pouco solitário. Com calma, pouso as mãos no bolso.

— Estou preocupado com ela. — Kai esclarece, a expressão séria. — Que ela fique sozinha. Temos morado próximos um do outro a tempos e já que eu vou me mudar com Rue, ela terá dois pilares um pouco distantes.

— Ela não estará sozinha. Ela tem outros amigos. — Um gosto amargo se faz sentir na minha boca ao pensar nos tais amigos que a deixaram sozinha longe de casa e num dia chuvoso, há uma semana. E eu tenho uma ideia de onde ele quer chegar com isso, e não estou gostando.

— Ela é uma garota crescida e pode cuidar de si mesma, mas ainda é muito inocente. — Suspira.

— Você não precisa se preocupar, Kai. A cidade está segura e a taxa de criminalidade no vosso bairro é quase zero. — Argumento.

— Sim, mas eu me sentiria melhor se tivesse alguém em quem confiasse cuidando dela. — Kai senta na poltrona — As amigas são de confiança, mas ainda estão no mesmo patamar de cuidados. Você e ela se deram bem nos preparativos do casamento, não preciso que se torne babá, apenas que de vez em quando fique de olho nela.

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