Guilherme
A tela mostrava Fernanda chegando à cafeteria. O vulto dela, escondido sob o capuz, me atravessava como uma lâmina fria. Cada passo dado longe do meu domínio aumentava o sentimento de impotência que crescia no fundo do meu peito. E impotência era algo que eu não suportava sentir. Jamais.
Observei o encontro entre ela e Miriam. A câmera externa não capturava as palavras, mas eu lia os gestos — mãos trêmulas, olhares desviados, sussurros inquietos. Meu coração acelerou. Era evidente: Fernanda procurava respostas fora das minhas paredes.
Aquilo doía mais do que qualquer traição física. Não era apenas a posse que eu desejava manter, mas algo mais profundo, mais perigoso, algo que eu ainda não sabia nomear direito. Amor, talvez? A palavra era um açoite constante, porque amar significava expor‑me, vulnerável, diante da possibilidade de perdê-la.
Afastei-me da tela, esfregando os olhos com força. Eu não podia perdê-la. Não depois de tudo que havia enfrentado para mantê-la segura. E