Fernanda
O ar gélido da madrugada invadiu o quarto pela fresta da janela, dissipando o aroma adocicado que ainda se demorava em meus cabelos. Cerrei os olhos, permitindo que a lembrança do abraço de Guilherme me envolvesse mais uma vez. Seu toque, firme e protetor, uniu-se ao meu como quem liberta um prisioneiro do abismo do desespero — e, ao mesmo tempo, desvelava seu próprio temor de perder algo de valor inestimável.
Foi tudo tão difícil de entender: as mãos dele segurando meu rosto, os sussurros das promessas — “Não vou deixar você partir” — e o modo como a sua voz, rouca de emoção, quebrou o meu último muro de resistência. Eu me permiti entregar uma parte de mim, ainda que depois tenha recuado em cada pensamento, perguntando-me se aqui