O quarto estava mergulhado em uma penumbra suave. Apenas a luz da varanda, filtrada pelas cortinas, iluminava a cena. O espaço parecia pequeno demais para conter o peso que pairava no ar.
Olívia ainda segurava o convite com as duas mãos, os dedos trêmulos percorrendo cada detalhe dos relevos em dourado, como se não acreditasse que aquilo fosse real. Era como um sonho roubado de outra vida. Um sonho que não lhe pertencia.
Mas Olívia continuava sendo fisgada para aquele papel. As letras trabalhadas, em alto-relevo, refletiam um brilho discreto. O papel tinha textura fina, como seda, e o emblema dourado dos Moretti ocupava o topo com imponência. Havia ali, naquela peça delicada, tudo o que ela sempre sonhara e ao mesmo tempo, tudo o que mais temia.
“Senhor Ian Moretti e Senhorita Olívia Belmonte têm a honra de convidar...”
A garganta dela secou. As palavras eram bonitas, perfeitas, como uma promessa de conto de fadas. E doía justamente por isso. Doía porque, no fundo, era tudo mentira.
E